"Ideias têm consequências."
"Há livros que estragaram o mundo; livros sem os quais estaríamos
melhor. Se as ideias têm consequências, as más ideias tem más
consequências." (Benjamin Wiker)
Benjamim Wiker, Ph.D. em Ética Teológica pela Universidade de
Vanderbilt, Tennesse, escritor e palestrante, publicou em 2008 o seu
bestseller 10 livros que estragaram o mundo - e
outros cinco que não ajudaram em nada. Neste ano de 2015, ganhou uma
tradução portuguesa.
Parte da seguinte tese: o mundo estaria bem melhor
se os livros que pretende discutir não tivessem sido escritos.
Os dez grandes estragos
Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e
Friedrich Engels (1848);
Utilitarismo, de John Stuart Mill (1863);
A Descendência do Homem, de Charles Darwin (1871);
Além do Bem e do Mal, de Friedrich Nietzsche (1886);
O Estado e a Revolução, de Vladimir Lênin (1917);
O Eixo da Civilização, de Margaret Sanger (1922);
Minha Luta, de Adolf Hitler (1925);
O Futuro de uma Ilusão, de Sigmund Freud (1927);
Adolescência, Sexo e Cultura em Samoa, de Margaret Mead (1928);
O Relatório Kinsey, de Alfred Kinsey (1948).
Os cinco livros que não ajudaram em nada
O Príncipe, de Nicolau Maquiavel (1513);
Discurso sobre o Método, de Renê Descartes (1637);
Leviatã, de Thomas Hobbes (1651);
Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre
os Homens, de Jean-Jacques Rousseau (1755);
A Mística Feminina, de Betty Friedan (1963).
Qual a importância desta postagem? Chamar a nossa atenção para a
utilização do espírito crítico em qualquer leitura que fizermos. Por trás de
cada autor há um subjetivismo, uma opinião, um modo de ver o mundo. Não é por
ter sido escrito que se transforma imediatamente numa verdade. Leiamos de tudo,
mas fiquemos com aquilo que for bom.
Exemplos:
Maquiavel, no livro O
Príncipe, evoca a ideia de que o governante não precisa ser bom, justo e
misericordioso, mas parecer que o seja. Esta ideia influenciou muitos líderes
políticos. Para Lênin, líder revolucionário ateu, os fins gloriosos do
comunismo justificavam seus meios brutais.
Descartes, em seu Discurso
do Método, ataca o ceticismo pela negação da realidade. Tem-se a impressão que,
pelo seu duvidar de tudo, nada existia antes de Descartes. O seu penso logo existo está invertido, pois deveria
ser existo, logo penso. O seu dualismo cria
o homem-máquina.
Thomas Hobbes, em Leviatã, crê que, por
natureza, não existe o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado.
Temos, por natureza, o direito do que desejamos. Cria um ser humano sem
consciência, pois não faz nenhuma distinção moral entre o bem e o mal.
Jean-Jacques Rousseau, no Discurso
sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os
Homens, parte de um estado natural da humanidade, onde os seres humanos vivem
como animais, cuja única ocupação é a procriação. O pai não tem nenhuma
responsabilidade para com os filhos gerados. Levou a sério o seu próprio
pensamento, pois teve muitas amantes e, os cinco filhos que tivera de uma
delas, deixou aos cuidados de um orfanato.
Karl Marx, no Manifesto do Partido
Comunista, trabalha a questão do materialismo histórico, gerador de milhões de
cadáveres ao longo do tempo. O materialismo histórico funda-se na luta de
classes. Na visão simplista de Marx, a história da humanidade nada mais é do
que uma luta de classes: escravo contra o patrão; vassalo contra o senhor
feudal; proletariado contra o empresário.
John Stuart Mill, no Utilitarismo, desenvolve a tese da
maior felicidade para o maior número de pessoas. Mill não foi o criador do
termo "utilitarismo"; este fora aventado por Benthan. O utilitarismo
funda-se na acepção do dualismo prazer-dor. Daí, o que nos dá prazer é
moralmente bom; o que nos causa dor é moralmente mau.
Charles Darwin, em A Descendência do Homem, elabora a tese
da seleção dos mais aptos, que se torna quase impossível desligar Darwin da
Eugenia, a raça pura, tão efusivamente defendida por Hitler na Alemanha.
Nietzsche, em Além do Bem e do Mal, combate a moral cristã
acenando que "Deus está morto". "Um golpe destrutivo no
cristianismo". A sua ênfase ateísta levou-o à loucura. Os seus
postulados sobre o "super-homem" terão influência catastrófica na
atuação de Hitler e de outros políticos. Ir além da fé em Deus é ir além do bem
e do mal sem bem nem mal, governado pela Vontade-de-Poder.
Vladimir Lênin, cujo nome verdadeiro é Vladimir Ilyich Ulyanov, em O
Estado e a Revolução, propugna o combate à burguesia (exploradores)
capitalista, numa ação prática das ideias marxistas, que se fundamentam na luta
de classes. Para ele, o Poder do Estado na defesa do proletariado deve ser
feito pela violência, pela extinção da outra classe, a exploradora. Para Lênin,
o terror é uma forma de disciplina.
Margaret Sanger, em O Eixo da Civilização, trata do
"maior perigo presente para [...] a civilização": a "falta de
equilíbrio entre a taxa de natalidade dos 'inaptos' e dos 'aptos'", um
perigo justamente por conta da "fertilidade dos débeis-mentais, dos fracos
de espírito, [e] dos indigentes". Defende a eugenia e o controle da
natalidade, mas por caminhos tortuosos, ou seja, através do QI. Para ela, quem
tem QI baixo não pode procriar porque isso aumenta o número de
débeis-mentais.
Adolfo Hitler, em Minha Luta, livro que poucos leram e que,
por algum tempo, foi proibido na própria Alemanha, mostra a força das ideias
malignas tendo como pano de fundo o bem da humanidade. As ações de Hitler
contra os judeus para a implantação da raça pura estenderam-se, também, aos
ciganos, retardados e prisioneiros de guerra. Tudo para a glorificação terrena
da Alemanha.
Sigmund Freud, em O Futuro é um Ilusão, ataca a religião,
considerando-a como se fosse uma ilusão, a realização dos desejos das mentes
infantis. Segundo suas próprias palavras, "minha atitude absolutamente
negativa quanto à religião, em todas as suas formas ou diluições".
Margaret Mead, em Adolescência, Sexo e Cultura em Samoa,
utiliza um modus operandi - o de recolher alguns
"fatos" de mitos originários e encaixá-los nos próprios devaneios
filósofos. O pressuposto subjacente é: natural = primitivo = bom. Não analisa
que o bom e o ruim está em toda parte entre os primitivos e entre os
civilizados.
Alfred Kinsey, em O Relatório Kinsey, cujo autor não
permitiu nenhuma citação, trabalha com a crença de que o nosso estado natural é
de uma extravagância sem moralidade alguma: o homem é reduzido a um animal. Ele
acabou com a ideia de que o sexo antes do casamento e o adultério eram
errados.
Betty Friedman, em A Mística Feminina, cuja fama foi ter
lançado a segunda onda de feminismo no mundo, mostra que as mulheres que são
apenas esposas e mães são, secreta ou abertamente, infelizes porque não podem
aventurar-se para fora do lar e maximizar seus potenciais como seres humanos
realizando trabalhos significativos, como fazem os homens.
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