Os sete pecados
capitais — Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja,
Preguiça e Orgulho — foram instituídos pela Igreja para orientar os seus fiéis quanto
ao comportamento religioso adequado. Por volta de 1500, havia uma objetividade
desses pecados. Na Divina Comédia, por exemplo, a desobediência ao superior era
o pior dos pecados. Da hierarquia clara da Idade Média, passamos para a mudança
dos valores na época presente.
Nesses quinhentos
anos, tivemos três abalos: 1) no século XVI, a Terra não é mais o
centro do Universo; 2) no século XIX, Darwin, com a sua Evolução
das Espécies, mostra-nos que não fomos criados por Deus, mas resultado da
evolução do macaco; 3) no século XX, Freud, com a sua interpretação
dos sonhos, instrui-nos que não somos controlados por forças racionais, mas as
que emanam do inconsciente.
Em se tratando da
criação, Deus deu ao homem total liberdade, menos a de comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Pergunta-se: se não quisesse que o homem a
provasse, por que a deixou no centro do Paraíso? Por que não a escondeu? Parece
que Deus não conhece psicologia. É como se Deus falasse para a criança:
"Não pegue o bolo que está dentro da geladeira". O problema é Deus e
não Adão. Adão é um cientista que quer provar o fruto da natureza e tirar as
suas próprias conclusões.
O subjetivo absorveu
o concreto nos seguintes aspectos: a Luxúria passou a significar a
valorização do corpo; a ira, a maneira de não guardar raiva; a avareza, o
planejamento do futuro; a inveja, o estabelecimento de metas; a preguiça, o
relaxamento; a gula, a fuga da anorexia; a vaidade, o essencial para a
felicidade (o maior pecado).
A subjetividade do
pecado propiciou o aparecimento das seguintes teologias
contemporâneas: 1.ª) Teologia
da autoajuda: se você não se amar ninguém vai lhe amar; o que você pensa,
acontece; 2.ª) Teologia da
prosperidade: ninguém prega mais um Deus sofredor (só vencedor). Família feliz, saúde
perfeita e bens materiais são obtidos através da fé; 3.ª) Teologia do empreendedorismo: vencedores x
perdedores. Há internalização da censura: se eu fracasso (Inferno atual), a
culpa é minha. Só vão para o Céu os ganhadores, os empreendedores.
O ser humano deve voltar
ao tradicional, pois a verdade não vem com aparências externas,
superficialmente.
Fonte de Consulta
http://www.cpflcultura.com.br/wp/2012/09/21/os-velhos-e-os-novos-pecados-leandro-karnal/
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