20 agosto 2013

O Mal Segundo Zimbardo

 “A melhor vacina contra a prática do mal é o exercício permanente da autocrítica.” Philip Zimbardo (psicólogo americano)

Zimbardo queria saber porque as pessoas praticam o mal. Nos anos 70, na Universidade Stanford, fez uma revolucionária pesquisa: isolou e dividiu um grupo de jovens entre guardas e prisioneiros no ambiente imaginário de uma prisão. Ele observou que os maus-tratos de uns e a submissão de outros extrapolam todos os limites. Hoje, o psicólogo tem críticas ao próprio experimento. “Foi antiético porque causou sofrimento aos participantes”.

Baseando em pesquisas, afirma que as circunstâncias influenciam sobejamente a propagação do mal. "Submetida a forte pressão, muita pouca gente é capaz de resistir e se manter no espectro do bem". Estudos mostram que apenas 10% das pessoas conseguem permanecer imunes a situações que as compelem a agir de forma má.

Sobre o julgamento de Nuremberg, que tratava da carnificina nazista, e que os oficiais de Hitler alegavam estar apenas seguindo ordens, pois não tinham como fazer diferente, diz: "a Justiça condenou a todos, enfatizando uma ideia essencial: se você prejudicou o próximo, ceifou vidas, disseminou o mal, as razões são absolutamente irrelevantes. Você é culpado da mesma forma".

Estudos mostram que o mal vai subindo de nível numa progressão gradativa. Se a pessoa comete um pequeno desvio, tende a considerar o seguinte: só “um pouquinho pior”. Então, vai se abrindo uma fresta perigosa para que ela traia, minta ou machuque os outros cada vez mais.

Pesquisas mostram que 70% dos detentos, ao ser soltos, acabam cometendo outros atos criminosos e voltam para trás das grades. O sistema prisional precisa ser repensado – trata-se de um fracasso multibilionário. Uma de suas ideias é criar um sistema de prêmio para o carcereiro: a cada ano que um ex-detento que estava sob sua responsabilidade ficasse longe do crime, ele receberia um bônus.

Recado final: todos somos vulneráveis ao mal; por isso, a autocrítica. 

Entrevista na Revista Veja, 21/08/2013, p. 15 a 19. 

 

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