“O saber que é absorvido em desmedida e
sem fome, e até contra a necessidade, já não atua mais como motivo
transformador”. (Nietzsche)
Todo ser humano tem desejo natural de
saber. Para isso, frequenta bibliotecas, vasculha livros e pesquisa na
Internet. Em virtude da facilidade de obter informações, pode absorver mais do
que necessita, tendo, depois, dificuldade de manejar o seu excesso. Não é sem
razão que os religiosos indagam: que aproveitará a ciência, sem o temor de
Deus? Para eles, tem mais valor o humilde camponês que serve a Deus, do que o
filósofo soberbo que observa o curso dos astros mas se descuida de si mesmo.
Depois de adquirida a informação, o ser
humano sente desejo de passá-la ao outro (ensinar). Aqui, surge o seguinte
problema: o propósito do ensino não deve ser o de encher a cabeça do outro com
aquilo que pesquisamos, mas o de dar-lhe a dose certa para que possa caminhar
por si mesmo. Em algumas escolas modernas, distribuem-se “notebooks” aos
alunos, para eles poderem pesquisar online. O professor faz uma
pergunta. Em vez de respondê-la, incentiva os alunos a buscarem a resposta na
grande rede de computadores.
A Filosofia nos ensina que, por estar
na mediatez do real, o ser humano é sempre aprendiz. Para tanto, deve correr o
risco da incerteza, mas nunca fugir dessa aprendizagem. Se mudássemos o foco do
ensino para o de aprendizagem, haveria uma mudança radical em nossa existência.
Já não nos preocuparíamos em saber tudo, estar a par de toda novidade;
focaríamos um único ponto: a necessidade peremptória de nosso espírito.
Reflitamos sobre a frase de Nietzsche:
“O saber que é absorvido em desmedida e sem fome, e até contra a necessidade,
já não atua mais como motivo transformador”. O que isto quer dizer? Que
deveríamos buscar os conhecimentos que atendam às nossas necessidades
interiores, mas as necessidades reais e não aquelas que são fabricadas pela
nossa imaginação, principalmente aquelas sugeridas pelos meios de comunicação
de massa.
Aquele que se coloca como aprendiz pode
tirar proveito de toda e qualquer situação. Se o discurso que ouve é oco,
poderá regenerá-lo dentro de um logos mais amplo, mais
racional. Se o discurso é instrutivo, saberá verificar o que serve e o que não
serve para o seu estoque de conhecimento. Em todo o caso, saberá aproveitar o
tempo para dedicar-se inteiramente à sua evolução moral e espiritual.
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