14 janeiro 2009

O Método e o Ensino de Filosofia

A função da escola é "passar" o saber, o que requer continuidade. O assunto de hoje deve estar ligado ao de ontem, o de amanhã ao de hoje, e assim por diante. Depois de um dado período de tempo, temos o resultado, que é o acréscimo de conhecimento ao estoque inicial que o aluno possuía. Para que um conteúdo seja transmitido, fala-se em método de ensino. Contudo, não existe um único método de ensino; há, sim, pluralidade de métodos.

Um método eficaz, numa determinada situação, pode ser um anti-método em outra. O círculo, considerado como o mais democrático dos métodos de ensino de filosofia, pode ser objeto de controle muito mais acentuado do que a aula magistral. Depende muito mais das pessoas que o usam do que dele propriamente dito. Suponha que o professor facilitador esteja imbuído de ideologias, de planos velados de controle. Quem poderá afirmar que, usando o círculo, será mais democrático? Há que se distinguir entre o que o professor é e o método que ele usa.

Ensinar filosofia pressupõe estabelecer limites entre o que se sabe e o que não se sabe, que em Sócrates é a tomada de consciência de nossa ignorância. Assim sendo, o que mais conta é o diálogo. É na perspectiva de olhar o outro como igual a nós mesmos que poderemos estabelecer uma relação contínua de ensino e aprendizagem. Respeitando o aluno, o professor poderá "passar" a sua matéria, porque poderá criar um círculo de amizade e amor.

E, se hoje, assistimos aos mais variados tipos de violência nas escolas é porque a relação entre professor e aluno não está embasada no amor e no respeito. Krishnamurti já nos dizia que se o mundo é violento é porque todos nós o somos individualmente. Observe que o controle da navegação das crianças na Internet é uma forma velada de violência. Não podendo convencer pelo diálogo, os responsáveis partem para a força, para o desamor.

No ensino, há necessidade de um mestre. O mestre insere-nos numa doutrina; depois, nos tornamos mestres e inserimos outros discípulos, e assim sucessivamente. Isso não deve ser uma mera repetição, pois cada um, além de receber ensinamentos do seu mestre deve se fazer mestre de si mesmo. Observe o procedimento num Centro Espírita conceituado. Chegando ao mesmo, somos instruídos por aqueles que chegaram antes. Entramos em contato com eles e seguimos as suas orientações. Depois de algum tempo, somos nós a encaminhar outros frequentadores.

A função do mestre não é somente ensinar, mas criar condições para que o educando potencialize as suas virtualidades. Para isso, precisa despertar-lhe o interesse pelas coisas novas, a fim de adquirir uma nova visão de mundo.

 

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