A função da escola é "passar"
o saber, o que requer continuidade. O assunto de hoje deve estar ligado ao de
ontem, o de amanhã ao de hoje, e assim por diante. Depois de um dado período de
tempo, temos o resultado, que é o acréscimo de conhecimento ao estoque inicial
que o aluno possuía. Para que um conteúdo seja transmitido, fala-se em método
de ensino. Contudo, não existe um único método de ensino; há, sim, pluralidade
de métodos.
Um método eficaz, numa determinada
situação, pode ser um anti-método em outra. O círculo, considerado como o mais
democrático dos métodos de ensino de filosofia, pode ser objeto de controle
muito mais acentuado do que a aula magistral. Depende muito mais das pessoas
que o usam do que dele propriamente dito. Suponha que o professor facilitador
esteja imbuído de ideologias, de planos velados de controle. Quem poderá
afirmar que, usando o círculo, será mais democrático? Há que se distinguir
entre o que o professor é e o método que ele usa.
Ensinar filosofia pressupõe estabelecer
limites entre o que se sabe e o que não se sabe, que em Sócrates é a tomada de
consciência de nossa ignorância. Assim sendo, o que mais conta é o diálogo. É
na perspectiva de olhar o outro como igual a nós mesmos que poderemos
estabelecer uma relação contínua de ensino e aprendizagem. Respeitando o aluno,
o professor poderá "passar" a sua matéria, porque poderá criar um
círculo de amizade e amor.
E, se hoje, assistimos aos mais variados
tipos de violência nas escolas é porque a relação entre professor e aluno não
está embasada no amor e no respeito. Krishnamurti já nos dizia que se o mundo é
violento é porque todos nós o somos individualmente. Observe que o controle da
navegação das crianças na Internet é uma forma velada de violência. Não podendo
convencer pelo diálogo, os responsáveis partem para a força, para o desamor.
No ensino, há necessidade de um mestre.
O mestre insere-nos numa doutrina; depois, nos tornamos mestres e inserimos
outros discípulos, e assim sucessivamente. Isso não deve ser uma mera
repetição, pois cada um, além de receber ensinamentos do seu mestre deve se
fazer mestre de si mesmo. Observe o procedimento num Centro Espírita
conceituado. Chegando ao mesmo, somos instruídos por aqueles que chegaram
antes. Entramos em contato com eles e seguimos as suas orientações. Depois de
algum tempo, somos nós a encaminhar outros frequentadores.
A função do mestre não é somente
ensinar, mas criar condições para que o educando potencialize as suas
virtualidades. Para isso, precisa despertar-lhe o interesse pelas coisas novas,
a fim de adquirir uma nova visão de mundo.
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