O pensamento grego e o cristianismo são fundamentais na formação da
civilização ocidental. Sem o cristianismo, não teríamos condições de
compreender os aspectos relevantes da cultura europeia. A relação do
cristianismo com a cultura grega inclui uma oposição, ou seja, a verdade
revelada perante a verdade racional, e um esforço de sintetizar razão e fé, que
são duas opostas de se propor a compreensão do mundo.
A cultura grega é uma cultura politeísta, adora muitos
deuses; a cultura cristã é monoteísta, adora um único
Deus. A imagem de Deus no cristianismo é a de um único Deus, criador do mundo,
onipotente, infinitamente bom e justo, transcendente (está fora do mundo). Por
ser infinitamente superior, a divindade forma uma realidade totalmente distinta
da criatura, que lhe é inferior. Os antropomórficos deuses gregos não estão
fora do mundo, nem encarnam o absoluto e o infinito.
Desde o começo da era cristão, o pensamento filosófico tenta solucionar
o problema do Bem e do Mal, cuja unidade grega entre o cosmos e Deus se rompeu,
e que se polariza na antítese Deus e Mundo. O Mal se identifica com a matéria
do mundo provém da experiência da dor, da doença e da morte. A gnose,
daí gnosticismo, é o tipo de conhecimento que pode levar à
compreensão da união desses dois extremos separados pela matéria.
Um dos fatos marcantes ocorridos no início da história do pensamento
ocidental é o uso que o cristianismo faz da filosofia grega. O resultado é o
aparecimento da patrística, ou seja, o esforço dos padres da igreja
para elaborar uma doutrina que estabelecesse a continuidade com o mundo antigo
pela via da razão e com o mundo cristão pela via da revelação.
O grande representante da patrística é, sem dúvida, santo Agostinho
(354-430) que, em Confissões, diz: "Dai-me castidade e
continência, mas não agora". Para ele, como as verdades não podem nascer
na alma, que é mutável, só podem se explicar por iluminação divina. Como
saberíamos, não fosse a iluminação divina, o que é justo e o que é injusto? Se
o sabemos é porque daquela verdade se "copia" toda lei justa. As duas
principais obras deixadas por santo Agostinho são: Confissões e Cidade
de Deus.
Deixou formulado indicando o caminho para a sua solução – o problema das
relações entre a Razão e Fé, que será o problema fundamental da escolástica
medieval. Ao mesmo tempo demonstra claramente sua vocação filosófica na medida
em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender
com a razão o conteúdo da mesma. Entretanto, defronta-se com um primeiro
obstáculo no caminho da verdade: a dúvida cética, largamente explorada pelos
acadêmicos. Como a superação dessa dúvida é condição fundamental para o
estabelecimento de bases sólidas para o conhecimento racional, Santo Agostinho,
antecipando o cogito cartesiano, apelará para as
evidências primeiras do sujeito que existe, vive, pensa e duvida.
Bibliografia Consultada
TEMÁTICA BARSA — Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005.
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