O homem se apresenta como unidade e contradição.
Há uma série de instâncias antagônicas, dentre as quais, citamos: o homem
como ser animal e social; o ser humano como homem e mulher; o homem dentro
e fora de si mesmo; razão versus coração; teoria e práxis; o passado e o
futuro.
O homem é um ser social que se realiza em contato com
outros seres humanos. Como animal, estaria submetido à espécie, o que não
ocasionaria conflito. O conflito surge quando, superando a animalidade,
torna-se pessoa e transforma-se num fim em si mesmo. O problema:
terá de viver com outros seres humanos, que também são um fim em si mesmo,
exigindo o devido respeito.
O ser humano apresenta-se sexualmente como homem e mulher.
As características físicas e psíquicas de cada sexo são diferentes, pois ambos
têm missões distintas. A força do homem, porém, converteu-se em lei e a mulher
transformou-se num objeto de posse e satisfação sexual do homem. O sexo, que
devia coroar as instâncias do amor, escravizou a mulher, com as consequentes
deformações masculinas.
Além das tensões entre pessoas, há um antagonismo dentro da própria
pessoa: os anseios mais nobres do espírito. O homem é um ser
limitado, sujeito aos apetites da carne; ao mesmo tempo, é também um ser
espiritual. Há, assim, uma luta entre os ideais mais nobres do espírito e
aqueles que o mundo sensível lhes oferece. Uma meta elevada exige sacrifícios que só podem realizar-se às custas dos
desejos primários.
Razão e coração são polos de antagonismo. Como se explica? O
conflito está na busca fria e abstrata de uma verdade universal, que pertence a
todos, e os anseios do coração, que é pessoal. A verdade abstrata é a razão, o
conhecimento, a lógica das relações. A verdade do sujeito, aquela que compromete
todo o seu ser, é exclusiva, é aquela que o sujeito captou dentro de sua
limitação.
A contraposição entre teoria e práxis. A teoria e a
prática são duas vertentes de uma mesma realidade. A teoria diz respeito à vida
intelectual, de estudos, de aplicação, de meditação. A prática sugere o uso das
mãos, da ação, da operosidade. Muitas vezes o ser humano tem que escolher uma
dessas duas facetas em detrimento da outra. Viver nada mais é do que dar
preferência a um desses dois campos da existência.
A ambiguidade entre passado e futuro. A vida é um fluir, é um deslocamento
do passado ao futuro. No presente, podemos assumir uma atitude de defesa do
presente que se vai cristalizando no passado ou uma atitude mais revolucionária
que se projeta no futuro. Por isso, o conservadorismo e o progressismo, a
segurança do passado e a esperança do porvir.
Fonte de Consulta
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina.
São Paulo: Paulinas, 1983.
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