Ao
longo do tempo, os filósofos e os diversos pensadores da humanidade têm feito
reiterados esforços para conciliar o uno com o múltiplo. Nesse sentido, pregam
que uma abordagem racional da vida exige que o ser humano preste atenção no
pluralismo baseado no princípio da contradição. O problema surge quando o Deus
de uma religião resiste à aceitação do Deus de outra religião. Quantas não
foram as guerras de fundo religioso?
Contrapondo-se
às guerras, há os esforços para paz. A segunda Assembleia Mundial de Religiões,
realizada em Chicago em 1993, declarou que não pode haver paz entre as nações
se não houver paz entre as religiões. Em 24 de janeiro de 2002, ao terminar o
Dia de Oração pela Paz no Mundo, os chefes religiosos presentes em Assis, a
convite de João Paulo II, proclamaram um compromisso, denominado “Decálogo
de Assis para a Paz”, em que se refuta a violência e se enfatiza a
concórdia.
O
pluralismo religioso é um fato. Não o podemos negar. Observe as religiões
mundiais: todas elas são moderadamente fundamentalistas, pois cada uma delas se
acha na posse da verdade. Somente por ela, o indivíduo terá condições de se
salvar, de ir para o céu. Imaginemos um cristão: quer tenha consciência ou não,
o adepto de outra religião também poderá ser salvo, mas somente por meio de
Cristo ou através de uma ligação com a Igreja de Cristo.
Michael
Amaladoss, em seu livro Promover
Harmonia,
reporta-se a três exemplos de conflitos das religiões: 1) lenço de cabeça
islâmico nas escolas francesas; 2) crucifixo numa sala de aula da Baviera; 3)
Uma islamita divorciada abandonada na índia. Todos esses casos geraram
discussões sobre os limites da fé religiosa, obrigando o Estado a arbitrar
sobre o que é uma questão laica e uma questão religiosa.
O
apego à própria religião deve ser combatido. Cada um de nós deveria olhar além
do próprio umbigo. O cristão poderia raciocinar da seguinte forma: quantos são
os cristãos no mundo? Pelas estatísticas, aproximadamente 2,5 bilhões de
pessoas. Se somente Cristo salva, o que acontecerá com os outros 4
bilhões? Irão para o fogo do inferno? Não é uma incoerência?
Somente
Deus é absoluto. A revelação divina pode nos ajudar a encontrar Deus, mas não é
garantia para a verdade absoluta, pois a verdade não é monopólio de ninguém,
mas patrimônio comum das inteligências.
Fonte
de Consulta
AMALADOSS,
Michael S. J. Promover
Harmonia:
Vivendo num Mundo Pluralista. Tradução de Nélio Schneider. Rio Grande do Sul,
Unisinos, 2006.
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