1 — A Ação. 2
— A Ação Moral. 3 — A Liberdade. 4 — Sobre a
Probabilidade de Critérios Morais Universais. 5 — Ética. 6 — Trabalho e Tecnologia. 7 — Bibliografia Consultada.
1 — A Ação
O ser humano não tem apenas uma dimensão contemplativa, por meio da qual
busca o conhecimento teórico do Universo e da própria sociedade. Tem também uma
dimensão prática que o leva a agir no mundo, a realizar diversos tipos de
ações.
Ação é a maneira específica da atividade humana, resultado de sua condição de ser livre — e nisso é diferente dos demais seres vivos, que nascem programados por sua herança genética. O animal responde ao seu mundo de acordo com esse programa genético; o ser humano age, e dessa maneira transforma o seu mundo, mas sobretudo o cria e inventa. (Temática Barsa, 2005)
Princípio da ação
Os movimentos que executamos em nosso dia-a-dia caracterizam as nossas
ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar
são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária. Ocupar-se provém de um
preocupar-se. À preocupação com uma ação futura, denominamos princípio da
ação.
Um exemplo tornará claro esse pensamento. Barbear-se é uma ação que a maioria
dos homens pratica. O barbear-se está ligado a um princípio que o indivíduo
forjou para si, ou seja, ele tomou uma decisão de apresentar-se barbeado. Ele
deseja estar barbeado e não barbudo, como também poderia escolher ficar com
barba. Nesse caso, eliminaria a ação de barbear-se, mas deveria aparar as
barbas uma vez por semana.
Assistir a ou proferir uma palestra é uma ação. O princípio subjacente a
este encontro está calcado tanto na conduta do expositor quanto na do ouvinte.
O primeiro tem o dever de preparar o assunto; o segundo, o preparo mental e
espiritual para ouvir.
Os meios e os fins de uma ação
Estamos sempre confundindo os meios com os fins. Poder-se-ia perguntar:
qual o fim de uma palestra? Qual o fim de uma religião? Qual o fim de um
sindicato? As respostas poderiam ser: o fim de uma palestra espírita é difundir
a verdade; o fim da religião é salvar os seus adeptos; o fim de um sindicato é
defender os interesses de seus associados. Pode-se, contudo, confundir os meios
com os fins: o expositor pode querer fazer prosélitos à custa da verdade; o
Pastor, o Padre ou o mesmo o Espírita embora clamem pela salvação do adepto,
acabam proibindo a salvação do mesmo em outra Igreja que não seja a sua; O
presidente do sindicato pode promover greves, não para defender os interesses
dos seus associados, mas para a sua ascensão política.
Lenda japonesa sobre a autonomia de uma ação
Kussunoki Massashige, famoso guerreiro do antigo Japão, celebérrimo pela
sua inteligência e pelos seus lances geniais de estratégia, vivia desde sua
infância no meio dos guerreiros.
Uma vez, no castelo de seu pai, observava os guerreiros que, reunidos ao
redor de um enorme sino, apostavam quem deles conseguiria pô-lo em movimento.
Contudo, nenhum deles, mesmo o mais hercúleo conseguiu mover milímetro do sino.
O menino assistia a tudo isso com muito interesse. De repente, apresenta-se
para mover o sino, desde que tomasse o tempo necessário para tal mister. Ele
cola o seu corpo ao sino e começa a fazer esforço para balançar o sino. Depois
de várias tentativas o sino começou a mover-se; primeiro lentamente; depois com
mais força, formando uma simbiose entre o sino e o peso do garoto.
Qual a lição moral deste conto? É que devemos nos amoldar à situação e
não o contrário.
2 — A Ação Moral
O filósofo alemão Immanuel Kant formulou em três
perguntas tudo o que constitui o horizonte de preocupações e interesses vitais
do ser humano: O que posso conhecer? O que devo fazer? O que tenho direito de
esperar? A segunda delas se refere à ação humana em seu sentido mais restrito,
mas ao mesmo tempo mais específico: a ação moral.
Como seres livres, todos os seres humanos enfrentam
continuamente inevitável de ter de agir, de ter de escolher entre várias
possibilidades — de ter de decidir a respeito do bom e do ruim. Dessa
maneira, vamos construindo nossa própria vida, e dando-lhe um sentido.
Certamente, os conceitos de "bom" e
"ruim" são problemáticos, porque admitem várias maneiras de serem
entendidos. Por isso a filosofia fez deles um objeto constante de sua reflexão.
(Temática Barsa, 2005)
Moral e ética
Embora os termos moral e ética tenham procedências
diferentes (a palavra "moral" provém do vocábulo latino mos,
e "ética" do grego ethos), os dois compartilham o mesmo
significado — o que faz com que às vezes sejam utilizados de forma
indiferenciada. Seu significado apresenta dois aspectos: de um lado,
"hábito" e "costume"; de outro, "modo de ser" ou "caráter".
Os dois aspectos se complementam e permitem caracterizar a ética e a moral como
essa maneira de ser que vai sendo adquirida na prática por meio de uma série de
hábitos e costumes. A prática desses hábitos e costumes permite dar forma e
figura à própria existência; com elas, vamos forjando o caráter, até fazer dele
uma segunda natureza, superposta à primeira, que é aquela com que nascemos (por
exemplo, uma determinada constituição física ou psíquica, ou um determinado
temperamento). Essa segunda natureza tem todo o valor daquilo que é adquirido
por nós mesmos, graças à nossa vontade e nossa determinação. Não nascemos de
posse de vícios e virtudes; não nascemos justos ou injustos. Assim, a vida de
cada ser humano pode ser concebida como uma obra de arte, na medida em que é a
criação de cada um. Nesse ponto, estão de acordo filósofos tão afastados no
tempo como o estoico Sêneca e o existencialismo de Sartre.
Apesar desse significado compartilhado, e possível
distinguiu entre ética e moral. Numa primeira abordagem, pode-se entender por
"moral" o conjunto de normas e comportamentos que nós, seres humanos,
aceitamos como válidos do ponto de vista do que é bom, e por "ética"
a reflexão sobre por que aceitamos como válidas tais normas de comportamento. A
ética é, por isso, uma parte da filosofia — e, como tal, reflete sobre o
que é moralmente valioso, sobre o que é bom. Analisa, examina e a avalia
diferentes normas ou princípios morais, procurando sua justificação e
legitimação racional. A moral ocorre no plano da conduta prática; a ética, no
plano da teoria. (Temática Barsa, 2005)
A consciência moral
A norma moral impõe uma conduta obrigatória: o
sujeito da ação moral se vê obrigado a comportar-se de acordo com uma regra ou
norma de ação, e a excluir ou a evitar os atos proibidos por ela. A
obrigatoriedade moral impõe, portanto, deveres ao sujeito. Toda norma funda um
dever.
A conduta moral é ao mesmo tempo livre e
obrigatória. A liberdade é a condição da moral: o sujeito goza, normalmente, de
liberdade para aceitar ou não a norma moral que lhe dita o que deve fazer. A
aceitação, racional e livre, é responsabilidade do sujeito. Mas, ao mesmo
tempo, o sujeito o assume como uma obrigação, que tem caráter moral
precisamente porque foi fixada pelo próprio, e não determinada pela
necessidade. Quando alguém se vê determinado a agir, seja por coação externa ou
por impulso interno, não tem sentido perguntar se agiu bem ou agiu mal, porque
não agiu livremente, mas por necessidade. Somente quando se age por escolha
existe verdadeira obrigatoriedade moral, porque o sujeito se decidiu e assumiu
sua ação. A obrigação moral pressupõe, portanto, necessariamente, uma livre
escolha.
O problema da obrigatoriedade moral se relaciona
estritamente com o da natureza e da função da consciência. É a consciência
moral que estabelece a obrigatoriedade das normas, é ela que adere intimamente
às normas e as torna suas.
O termo "consciência" pode ser utilizado
em dois sentidos: um geral, o da consciência propriamente dita, e outro
específico, o da consciência moral. No sentido geral, "consciência"
"dar-se conta de alguma coisa". Por exemplo: "Pedro não tinha
consciência de que a coisa era grave." O segundo sentido do termo, o de
consciência moral, diz respeito a expressões como "minha consciência me
diz" ou "a voz da consciência".
A consciência moral pressupõe a consciência no
primeiro sentido: é uma forma específica daquela. Traz implícita a compreensão
de nossos atos, mas a partir de um ponto de vista moral; implica, além disso,
uma valoração e julgamento de nossa conduta de acordo com determinadas normas
que ele conhece e reconhece como obrigatórias. As normas morais sempre são
gerais: valem para um conjunto de atos; as ações, pelo contrário, sempre são
singulares. É a consciência quem toma as decisões adequadas em relação a essas
normas e, interiormente, julga seus próprios atos. A consciência é o
"supremo tribunal" que nos diz se agimos bem ou mal, ou se devemos
agir ou não.
A consciência parece ser o critério último da ação
moral (não dispomos de outro): quem age de acordo com que a consciência lhe
dita age corretamente, ainda que mais tarde se veja obrigado a reconhecer que
avaliou mal e que sua conduta deveria ter sido outra. Mas o fato (e a opinião é
de Kant) é que estamos obrigados a cultivar a própria consciência moral —
a fazer todo o possível para que a consciência seja "reta". (Temática
Barsa, 2005)
3 — A Liberdade
O ser humano não pode negar em si mesmo a
experiência imediata da liberdade: ele desfruta da capacidade de querer ou não
querer, de fazer ou não fazer algo. No entanto, há ocasiões em que, quando
procura refletir sobre os motivos que o levaram a agir de determinada maneira,
essa suposta liberdade não aparece com tanta clareza: surge a dúvida de alguma
possível coação da qual não se está consciente, a intervenção de algum impulso
descontrolado.
A liberdade pessoal também se choca frequentemente
com a estrutura social, política ou econômica em que vivemos — e ela
parece, se não a impedir totalmente (o que às vezes sem dúvida ocorre), ao
menos dificultá-lo. Outro problema em relação à liberdade é o que fazer com
ela. Por isso, em certas ocasiões, ela pode ser vivida como uma condenação à
qual procuramos escapar. (Temática Barsa, 2005)
Ambiguidade do termo
A palavra liberdade presta-se a muitos
significados. Falamos de liberdade política, de liberdade econômica e de
liberdade de consciência. A liberdade em Cuba é diferente da liberdade nos
Estados Unidos. O termo comporta, também, limitações psicológicas, legais
e econômicas. Suponhamos a seguinte situação: ir aos Estados Unidos. Sentido
psicológico: estou disposto a me deslocar para aquele país?; sentido
legal: o governo americano permite a minha estada?; sentido econômico:
conseguido o visto de entrada, tenho recursos financeiros
para tal empreendimento? (Boulding, 1967, 130 a 132)
O problema da liberdade
"A liberdade de uma pessoa não termina quando
começa a liberdade da outra". Esta é a frase com que Eduardo Prado de
Mendonça começa o capítulo II do seu livro A Construção da
Liberdade. Afirma o autor que não existe uma geometria da liberdade nem uma
liberdade no espaço. Acha ele que quando dizemos que "a liberdade de um
acaba quando começa a liberdade do outro", estamos assumindo um
preconceito, do qual não temos consciência. Que significa dizer que a liberdade
de um acaba quando começa a liberdade do outro?
Primeiro, as noções de acabar e começar têm um
significado temporal. Isso quer dizer que cada um tem o seu tempo de ser livre.
Quando um começa o outro acaba e vice-versa. O que não é verdade. Eu não sou
livre durante os dez primeiros minutos e o outro nos dez minutos seguintes. No
sentido espacial, quer dizer que a área de liberdade de um não é área de
liberdade do outro. O que não é uma verdade, pois eu não sou livre até o meio
de uma sala e o outro na outra metade da sala. O que se procura com essa frase
é afirmar de fato que o direito à liberdade de um tem como limite o direito à
liberdade do outro. Mas a liberdade de um não é a liberdade do outro, logo cada
um tem uma liberdade diferente. Aqui já entramos no campo do direito, não da
arbitrariedade. E tratando-se de direito, põe-se a questão do dever ser. (1977,
p.19 a 21)
Determinismo
Doutrinariamente considerado, o determinismo afirma
que todos os fatos do universo são guiados inteiramente por determinantes,
segundo certas leis. Goblot, em seu "Vocabulário", define o Determinismo como
uma doutrina segundo a qual todo fenômeno é determinado pelas circunstâncias
nas quais ele se produz, de forma que, dado um estado de coisas, o estado de
coisas que lhe segue, dela resulta necessariamente.
O determinismo é um conceito da razão, e a ideia da
liberdade nos é dada pela intuição, pela intuição direta que cada um de nós tem
de sua própria experiência.
4 — Sobre a
Probabilidade de Critérios Morais Universais
A constatação das diferenças que existem entre os
códigos morais — de acordo com as épocas, as culturas e os grupos sociais
ou de acordo com os próprios indivíduos — levou o ser humano a refletir
sobre a possibilidade ou não de alguns critérios universais, para além das
indubitáveis diferenças de fato.
O relativismo moral sustenta que todas as normas
morais são igualmente justificáveis e válidas, mesmo aquelas que são opostas. O
universalismo, pelo contrário, nega isto. O problema é especialmente agudo na
época contemporânea, em que o encontro e a convivência de culturas diferentes
obrigam a uma contínua e profunda reflexão que vai muito além do simples
interesse especulativo, já que tem a ver com atitudes ou crenças com as quais
nos deparamos habitualmente.
A existência de fatos morais objetivos também está
sujeita a controvérsia. As duas concepções antiéticas recebem os nomes de subjetivismo e objetivismo
moral. (Temática Barsa, 2005)
O relativismo moral
O tema do relativismo moral foi levantado pela
primeira vez no século V a.C., na Grécia. O contato com outras culturas por
meio do comércio manifestou a evidência de práticas morais totalmente
diferentes. Os sofistas lhe deram formulação técnica e defenderam que não era
possível falar de uma moral universal, que as normas morais eram relativas a
cada povo ou comunidade e até a cada indivíduo ou a cada situação em que ele se
encontre. A réplica ficou a cargo de Sócrates, Platão e Aristóteles, que viam
assim colocados em risco não apenas a virtude e o bem individuais, mas também a
virtude e a ordem sociais.
O tema reaparece no século XVIII com o iluminismo:
junto com a descoberta da dependência social dos princípios e regras morais,
formulou-se — e Kant foi seu artífice — a exigência da
universalidade como característica fundamental de uma ética racional. Na época
atual, o problema deve ser demarcado pela aceitação por parte da maioria dos
antropólogos do relativismo cultural: não existem práticas culturais universais,
nem é possível considerar que umas sejam superiores a outras.
No plano estritamente moral, o relativismo sustenta
que as crenças morais (o que é bom ou ruim, o justo e o injusto) sempre são
relativistas ao sujeito que as afirma — seja um indivíduo, um grupo ou uma
cultura. (...) (Temática Barsa, 2005)
O universalismo moral
Diferentemente do relativismo, o universalismo
moral afirma que existem princípios morais universais aos quais qualquer
reflexão racional pode chegar inequivocamente e aos quais de forma alguma o ser
humano deve renunciar, já que é sua conquista mais elevada. O universalismo não
é incompatível com a aceitação de normas morais diferentes, pois o que tem
estatuto de universalidade são os princípios que fundamentam essas normas. Por
exemplo: o amor e o respeito aos idosos pode ser um desses princípios
fundamentais, embora a forma como cada cultura acredita que eles devam ser
praticados possa ser diferente.
Somente com a aceitação de tais princípios é
possível condenar atos como o genocídio, a tortura, a escravidão, a
discriminação racial etc. Sem eles, a própria Declaração universal dos
direitos humanos ficaria sem fundamento e seria uma declaração
puramente convencional. (Temática Barsa, 2005)
O subjetivismo moral
A ideia central do subjetivismo é que as questões
morais, à diferença das científicas, são subjetivas e expressam sentimentos e
desejos. Os juízos da ciência descrevem fatos, e por meio de experiências é
possível verificar esses juízos — o que faz com que o conhecimento
científico seja objetivo. No caso dos juízos morais, não existe nenhuma
possibilidade de verificação e, portanto, não é possível o acordo por meio de
razões. Os subjetivistas não negam a existência de fatos objetivos: o que eles
negam é a existência de fatos morais objetivos. Por exemplo: "Pedro ajudou
seu amigo" é um juízo que expressa um fato, que pode ser verificado e pode
promover o acordo universal. Mas o juízo "É bom ajudar os amigos" só
expressa a atitude do sujeito que avalia, ou seja, do sujeito que atribui a
certo ato humano uma propriedade que considera valiosa.
... As pessoas costumam relacionar o subjetivismo
ao relativismo. Em todo o caso, eles coincidem na impossibilidade de aplicar
alguns critérios universais à conduta moral. Da mesma maneira, o universalismo
está ligado ao objetivismo, concepção contrária ao subjetivismo.
O objetivismo afirma que, se o emotivismo fosse uma
teoria verdadeira, seria impossível argumentar moralmente e que, quando
avaliamos como perversa a atitude de um torturador, estamos expressando algo
mais do que nosso aborrecimento ou raiva subjetivos: achamos que nos estamos
referindo a algo que pode refutar de pleno direito comportamentos
semelhantes. (Temática Barsa, 2005)
5 — Ética
A ética é a reflexão sobre a moral. Isto significa
que a moral é anterior à ética, e que a reflexão é posterior à existência de
normas e ações morais. O filósofo não cria normas morais — apenas
justifica e fundamenta as normas morais do comportamento efetivo. O que é de
fato verdade é que algumas teorias éticas propõem e recomendam algum princípio
concreto como preferível, depois de analisá-lo e justificá-lo criticamente.
Por outro lado, as doutrinas éticas fundamentais
surgem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como respostas aos
problemas básicos criados pelas relações entre os homens e, em particular, por
seu comportamento moral. Existe, por isso, uma estreita ligação entre os
conceitos morais e a realidade social e histórica a que pertencem. (Temática
Barsa, 2005)
O utilitarismo
As teorias do prazer, que haviam
desaparecido da filosofia ocidental durante muitos séculos, reapareceram com os
filósofos ingleses do final do século XVIII e da primeira metade do século XIX:
o fundador do utilitarismo é Jeremias Bentham (1748-1832), mas seu principal
representante é John Stuart Mill (1773-1836). O utilitarismo defende que o bom
é o útil para a felicidade: bom é tudo aquilo que aumenta o bem-estar da
humanidade em geral — a máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas.
O utilitarismo tem, portanto, um acentuado sentido universalista e não é de
estranhar sua influência no chamado "estado de
bem-estar". (Temática Barsa, 2005)
Ética e responsabilidade
A ação humana, embora restrita à responsabilidade pessoal,
tem como objetivo o interesse público. A vivência, semelhante à do eremita no
deserto, é uma exceção. A questão ética diz respeito ao auxílio que cada um
possa exercer na transcendência do outro. Em realidade,
é a criação de condições para que o outro realize plenamente o seu projeto de
vida ao qual foi destinado.
Alguns Problemas
Éticos
As mudanças desencadeadas pelo grande
desenvolvimento científico e tecnológico dos últimos cinquenta anos criaram
novos problemas que exigem uma nova reflexão ética, ainda que já observada
durante as últimas décadas.
Pensamentos como o de Heidegger e da escola de
Frankfurt — em particular o de Horkheimer e Marcuse — insistem em que
o homem tecnicizado e unidimensional da sociedade de consumo é, não dono e senhor,
mas escravo daquilo que havia criado como instrumento a seu serviço.
Nem as legislações nem as diversas éticas estavam
preparadas para legislar e orientar nesse novo cenário. Por tudo isso, é
inadiável a reflexão moral sobre essa situação. (Temática Barsa, 2005)
6 — Trabalho
e Tecnologia
Trabalho e tecnologia são dois aspectos muito
importantes no estudo da ação, pois nossas atividades não estão isoladas como
na antiguidade em que o sujeito saia apenas para apanhar o seu peixe no rio.
Hoje, há informações, técnicas, computadores e toda uma vasta tecnologia para
atender as necessidades humanas.
O trabalho
O trabalho é uma ação produtiva (a poiesis grega)
cuja finalidade é a obtenção de uma obra destinada a satisfazer necessidades
humanas. Com frequência, no entanto, associamos a ideia de trabalho a uma
atividade realizada com esforço e fadiga, que implica, portanto, uma carga
pesada para quem a realiza. Com a industrialização, o trabalho sofreu
transformações radicais e, pela primeira vez na história dos modos de produção,
passou a ser visto como valor e não como um mal a ser evitado. (Temática
Barsa, 2005)
A tecnologia
Hoje em dia, não se concebe a ciência sem sua
aplicação prática. A ciência moderna não corresponde à concepção antiga, que
entende o conhecimento como uma atividade contemplativa. Ela persegue uma
finalidade prática: encontrar explicações que permitem predizer os
acontecimentos, mas também ampliar a capacidade prática de transformar a
natureza.
A técnica, como produtora de instrumentos e
procedimentos para intervir na transformação da natureza, também não
corresponde à concepção artesanal (ars mechanica) de épocas anteriores.
A relação estabelecida entre a ciência e a técnica,
a produção de novos instrumentos técnicos baseados não mais na experiência, mas
no conhecimento científico, são o que se entende como "tecnologia".
Nesse sentido, a tecnologia seria a ciência da técnica. (Temática Barsa,
2005)
7 — Bibliografia Consultada
BOULDING, K. E. Princípios de Política
Econômica. São Paulo, Meste Jou, 1967.
BUNGE, M. Dicionário de Filosofia.
Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big
Bang)
MENDONÇA, E. P. de. A Construção da
Liberdade. São Paulo, Convívio, 1977.
Temática Barsa - Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa
Planeta, 2005.
São Paulo, março de 2016.
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