"Pense bem! A boa realização seguir-se-á ao
pensamento." (Alfred Tennyson)
A utopia é todo o
projeto de uma sociedade perfeita. Pejorativamente, considera-se esse ideal
fantasioso e irrealizável. No sentido positivo, esse ideal contém o germe do
progresso e da transformação da sociedade.
Um "enunciado congelado" é a persistência de um conceito
que, na sua origem, estava equivocado. Para entendê-lo, temos que
descongelá-lo. Vejamos: o termo “utopia” foi cunhado por Thomas
Morus (1478-1535) em seu livro Utopia, publicado em
1516. Partiu do latim nusquama (lugar
nenhum) para criar o vocábulo grego ainda inexistente; tomou o prefixo de
negação ou + topos, lugar, formando utopia. O correto
seria usarmos "lugar outro" em vez de "nenhum lugar". (1)
Como a palavra surgiu a partir de 1500, o termo correspondente em Platão
seria kallipolis, ou seja, a cidade
bela. Platão, em realidade, projetou o “mundo das ideias” na região do hiperouranos, a região supraceleste. Em seu livro
República retrata um Estado ideal, levando o povo à felicidade. O mesmo se pode
dizer a Utopia de Thomas Morus.
A utopia tem relação com muitas coisas. Em economia, pode-se comparar
pobreza e riqueza e, juntando-se uma com a outra, arquitetar um mundo ideal,
onde os indivíduos vivem felizes e satisfeitos. Em mitologia, pode-se comparar
mito e utopia. A utopia é uma condição da mente que
especula inteligentemente sobre o futuro. O mito, por outro
lado, exprime o instinto profundo de uma classe inferiorizada. Nesse sentido, o
"mito da greve geral" é defendido pelos socialistas revolucionários e
sindicalistas com o intuito de instaurar a revolução social.
A utopia pode assumir um caráter messianológico. A República de Platão, a Política de Aristóteles, a Utopia de Thomas More, a Cidade do Sol de Campanella, os múltiplos
tratados sobre a cidade cristã, desde de Cevitate Dei, de Santo Agostinho, à da Instituição Real, de Jerônimo Osório estão imbuídos
do afã de atingir uma sociedade perfeita, onde o mal seria banido de nosso
planeta.
Projetando a utopia de um mundo novo. A geração
nova estará fundamentada nos preceitos evangélicos, inseridos em nossa
consciência como uma lei universal. A Lei de Justiça, Amor e Caridade estará
sendo praticada na sua maior expressão, porque quando as pessoas se amarem em
Cristo Jesus, não haverá mais guerras nem admoestações ao próximo. Não haverá
trabalho por fazer, porque cada ser humano irá atender aos anseios da sua
consciência bem formada. Não haverá a desigualdade social, mas apenas a
desigualdade de mérito. Essa geração nova terá uma outra feição, pois os
Espíritos estarão encarnados em corpos mais leves que os atuais. (2)
As utopias podem se tornar realidade.
Imaginemos um mundo perfeito, onde todas as pessoas se amam verdadeiramente. Se
todos assim pensarem formaremos uma ideia-força que influenciará positivamente
todos os habitantes deste mundo.
Fonte de Consulta
(1) LIMA, Carlos. Genealogia Dialética
da Utopia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.
(2) KARDEC, A. A Gênese - Os
Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
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Muitos perceberam ao longo do tempo o teor religioso do socialismo. A ideologia utópica era, no fundo, uma tentativa de substituir as religiões, só que oferecendo de forma mais oportunista o paraíso terrestre, em vez de aquele além-mundo
Isso ajudou a criar uma seita fanática de seguidores totalmente blindados contra os fatos e a realidade. Se a religião era o “ópio do povo”, como acreditavam os marxistas, então o socialismo seria o “ópio dos intelectuais”, como resumiu Raymond Aron.
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