28 abril 2013

Essência e Existência: a Interexistência

No pensamento antigo, a essência define o fundo de uma coisa (sua substância). Para Platão, o fundo era a "ideia"; para Aristóteles, a "forma". A existência vem de ex-sistência (estar aí, ex, fora das causas), o que se acha na coisa, in re. Existência é o fato de ser da essência. interexistência é a situação da essência que não se encontra na existência. É o intermúndio em que o ser se completa na morte.

No essencialismo, a essência sobrepõe à existência. No existencialismo, a existência precede a essência. Algumas filosofias, como a de Hegel, fazem total abstração dos existentes concretos. As doutrinas existencialistas, por sua vez, admitem que objeto próprio da filosofia é a realidade existencial, ou seja, existência concreta e vivida. A essência não implica necessariamente a existência. Exemplo: a essência de um unicórnio é que ele é um cavalo com um único chifre na cabeça. Unicórnios, porém, não existem.

O existencialismo transcende a si mesmo somente quando o ser existente admite a existência de uma vida além da matéria, em que os Espíritos dos que já se foram podem se comunicar – pela mediunidade – com os que aqui ficaram. Esta é a grande contribuição que a Filosofia Espírita fornece para uma melhor compreensão do problema do ser, do seu destino e da sua estada nesta encarnação.

A Filosofia Espírita, ao admitir as existências anteriores e posteriores do ser, ilumina os problemas obscuros do existencialismo. Enquanto para o existencialismo, a morte é fim de tudo e, com ela, o desespero, para o espiritismo, a morte é apenas uma passagem para outra vida. Uma existência terrena é a completude de um ciclo evolutivo. Depois deste, outros virão.

José Herculano Pires diz: "A faticidade misteriosa se explica pelo fazer anterior do Ser, através do desenvolvimento do princípio inteligente e sua projeção na existência como ser humano. Atravessando a existência, como um projétil (o projeto existencial) o homem completa na morte não o seu próprio Ser, mas o ser do corpo que chegou aos limites de suas possibilidades, nem a sua própria essência, mas apenas a essência de uma existência  através da vivência das experiências necessárias ao seu atualizar progressivo". (1)

Convém ressaltar que, na Filosofia Espírita, a mediunidade deve ser tratada de forma moral: o médium deve estar sempre estudando e se aperfeiçoando. 

(1) PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paidéia, 1983, página 81. 





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