17 julho 2025

Os Enciclopedistas

Os enciclopedistas foram os principais intelectuais da França — escritores, cientistas, acadêmicos e filósofos — que participaram da famosa Enciclopédia ou Encyclopédie (1751-1772), organizada pelo filósofo francês Denis Diderot e Jean de Round d’Alambert. Uma obra de 35 volumes que pretendia reunir todo o conhecimento humano da época, com base na razão, na ciência e no pensamento crítico — pilares do Iluminismo.

Os artigos, escritos por esses pensadores, eram muito amplos, mas centrados em três principais áreas: a necessidade de basear a sociedade não na fé e nas doutrinas da Igreja católica, mas no pensamento racional; a importância da observação e das experiências para a ciência; e a busca de uma forma de organizar estados e governos em torno de uma lei e justiça natural.

Diderot organizou os artigos da Enciclopédia em três grandes categorias: memória (assuntos ligados à história); razão (filosofia); e imaginação (poesia). De forma controversa, não havia nenhuma categoria especial para Deus ou o divino — a religião, assim como a magia e a superstição, era tratada como parte da filosofia. Essa abordagem foi inovadora e litigiosa. A religião tinha estado no próprio cerne da vida e do pensamento da Europa por séculos: a Enciclopédia e o próprio Iluminismo negaram-lhe essa posição-chave.

Em linhas gerais, esta enciclopédia tinha as seguintes características: 1) racionalismo — valorizavam a razão em detrimento da fé cega; 2) anticlericalismo — criticavam o poder da Igreja sobre o conhecimento e a sociedade; 3) defesa da ciência e do progresso humano; 4) crítica ao absolutismo monárquico e à desigualdade social; 5) democratização do saber, tirando-o da elite.

Principais enciclopedistas: Denis Diderot (coordenador da obra, escreveu sobre filosofia e arte), Jean de Round d’Alambert (coeditor, escreveu sobre ciências), Voltaire (crítico da Igreja e defensor da liberdade de expressão), Jean-Jacaques Rousseau (pensador político e influente na educação), Montesquieu (defensor da separação dos poderes), Helvétius (materialista, acreditava que o homem é produto do meio) e Baron d’Holbach (ateu e crítico da religião).

Em termos históricos, o pensamento dos enciclopedistas formaram a base da Revolução Francesa e inspiraram o liberalismo e outros aspectos da filosofia política iluminista. Desse modo, começaram a influenciar os líderes em muitas partes do mundo, que se prontificavam a desenvolver sistemas jurídicos e estabelecer direitos para seus cidadãos — principalmente a separação dos poderes: executivo, legislativo e judiciário.

Fonte de Consulta

O Livro da História. Tradução de Rafael Longo. São Paulo: GloboLivros, 2017.