Os enciclopedistas foram os principais
intelectuais da França — escritores, cientistas, acadêmicos e filósofos — que participaram
da famosa Enciclopédia ou Encyclopédie (1751-1772), organizada
pelo filósofo francês Denis Diderot e Jean de Round d’Alambert. Uma obra de 35
volumes que pretendia reunir todo o conhecimento humano da época, com base na
razão, na ciência e no pensamento crítico — pilares do Iluminismo.
Os artigos, escritos por esses
pensadores, eram muito amplos, mas centrados em três principais áreas: a
necessidade de basear a sociedade não na fé e nas doutrinas da Igreja católica,
mas no pensamento racional; a importância da observação e das experiências para
a ciência; e a busca de uma forma de organizar estados e governos em torno de
uma lei e justiça natural.
Diderot organizou os artigos da Enciclopédia em três grandes categorias:
memória (assuntos ligados à história); razão (filosofia); e imaginação
(poesia). De forma controversa, não havia nenhuma categoria especial para Deus
ou o divino — a religião, assim como a magia e a superstição, era tratada como
parte da filosofia. Essa abordagem foi inovadora e litigiosa. A religião tinha
estado no próprio cerne da vida e do pensamento da Europa por séculos: a Enciclopédia e o próprio Iluminismo
negaram-lhe essa posição-chave.
Em linhas gerais, esta enciclopédia
tinha as seguintes características: 1) racionalismo
— valorizavam a razão em detrimento da fé cega; 2) anticlericalismo — criticavam o poder da Igreja sobre o
conhecimento e a sociedade; 3) defesa da
ciência e do progresso humano; 4) crítica
ao absolutismo monárquico e à desigualdade social; 5) democratização do saber, tirando-o da elite.
Principais
enciclopedistas: Denis Diderot (coordenador da obra, escreveu sobre
filosofia e arte), Jean de Round d’Alambert (coeditor, escreveu sobre ciências),
Voltaire (crítico da Igreja e defensor da liberdade de expressão),
Jean-Jacaques Rousseau (pensador político e influente na educação), Montesquieu
(defensor da separação dos poderes), Helvétius (materialista, acreditava que o
homem é produto do meio) e Baron d’Holbach (ateu e crítico da religião).
Em termos históricos, o pensamento
dos enciclopedistas formaram a base da Revolução Francesa e inspiraram o liberalismo
e outros aspectos da filosofia política iluminista. Desse modo, começaram a
influenciar os líderes em muitas partes do mundo, que se prontificavam a
desenvolver sistemas jurídicos e estabelecer direitos para seus cidadãos —
principalmente a separação dos poderes: executivo, legislativo e judiciário.
Fonte de Consulta
O Livro da História. Tradução de Rafael Longo. São Paulo:
GloboLivros, 2017.