Convite a Platão, de Giovanni Reale, com tradução de Maurício Pagotto Marsola, foi publicado pela editora Loyla, em 2022. Este livro trata da questão platônica, da teoria das Ideias e dos primeiros princípios, do conhecimento e da dialética, da arte e do amor platônico, da concepção do homem, do Estado (Politeia) Ideal, da Academia platônica e os sucessores de Platão. Em cada um dos capítulos, há uma síntese dos diálogos e um aprofundamento do tema em questão.
Platão foi um filósofo da Grécia antiga que, antes de filosofar propriamente dito, tinha uma queda para a política. Platão é conhecido por meio de suas inúmeras obras: "Apologia de Sócrates", "Crátilo", "Críton", "Eutifron", "Protágoras", "Fédon", "Parmênides", "Sofista", "Timeu"... A importância de suas ideias fez Alfred North Whitehead (1861-1947), filósofo e matemático, afirmar — célebre afirmação — que a filosofia ocidental é uma série de notas de rodapé de Platão.
Neste livro, verificamos que a essência de sua filosofia encontra-se na teoria das
Ideias, uma espécie de paradigma que não se encontra no mundo dos sentidos
físicos, mas no além, chamado de topus uranus ou hiperurânio. Tudo o que aqui temos
são sombras das formas perfeitas que estão no suprassensível. Esta tese é
central, porque todos os argumentos evocados têm como pano de fundo esse
conceito fundamental.
Sobre a
imortalidade da alma. No Fédon, Platão diz que a alma humana é capaz de conhecer as realidades
imutáveis e eternas; mas, para poder apreendê-las, deve ter, necessariamente,
uma natureza que lhes seja afim, pois, de outro modo, elas estariam fora de sua
capacidade de compreensão. No
Timeu, Platão especifica que as almas
são geradas pelo Demiurgo com a mesma substância com a qual foi feita a alma do
mundo (composta de "essência", de "identidade" e de
"diversidade"). Elas têm, portanto, um nascimento, mas não estão sujeitas à morte, assim como não está
sujeito à morte tudo aquilo que diretamente produzido pelo Demiurgo.
Há muitos assuntos a
explorar. Como exemplo, ilustremos apenas um deles:
O primeiro paradoxo
é desenvolvido sobretudo no Fédon. A
alma deve buscar fugir o máximo possível do corpo, por isso o verdadeiro
filósofo deseja a morte e a verdadeira filosofia é "exercício da
morte". O sentido desse paradoxo é muito claro. A morte é um episódio que
ontologicamente diz respeito apenas ao corpo; além de não causar danos à alma,
lhe traz grande benefício, permitindo-lhe viver uma vida mais verdadeira, uma
vida totalmente recolhida em si mesma, sem obstáculos ou véus, inteiramente
unida ao inteligível. Isso significa que a morte do corpo desvenda a verdadeira
vida da alma. Portanto, o sentido do paradoxo não muda invertendo-lhe a
formulação; antes, especifica-se melhor: o filósofo é aquele que deseja a
verdadeira vida (morte do corpo) e a filosofia é exercício da verdadeira vida,
da vida na dimensão pura do espírito. A "fuga do corpo" é a
recuperação do espírito.