Racionalismo. Doutrina que privilegia a razão como
fundamento de todo conhecimento possível. Segundo Hegel: "Aquilo que é
racional é real, e o que é real é racional". Contrário ao empirismo, que
valoriza a experiência, e ao fideísmo, que valoriza a revelação religiosa.
Filosoficamente, pode ser uma visão de mundo quando afirma o acordo entre o
racional e a realidade do universo quanto uma ética que afirma que as ações dos
seres humanos são racionais em seu princípio, em sua conduta e em sua
finalidade.
O racionalismo começa com Descartes (1596-1650).
Será desenvolvido mais tarde por Spinoza e Leibniz. Descartes ficou famoso pelo
"penso, logo, existo", conclusão sintética da aplicação do seu
método, denominado dúvida hiperbólica. Primeiramente, nega qualquer conhecimento
anterior (tradição). Depois, fazendo uso de sua razão, busca alguma coisa fora
da tradição, qualquer coisa que resista a todas as dúvidas. Quer assentar o seu
método numa verdade contra a qual nenhuma dúvida, a mínima que seja, possa
pairar.
Baruch Spinoza (1632-1677) dá prosseguimento ao
racionalismo. Partindo do dualismo da mente e da matéria concebido por
Descartes, formula o seu panteísmo pelo qual se postula uma única ordem
racional, uma identificação entre o ser de Deus e o ser do mundo. Resumo
do seu pensamento: Há apenas uma única substância. ==> Tudo que existe é constituído dessa substância única. ==> Essa
substância é "Deus" ou "natureza". ==> Ela fornece tudo em nosso Universo com seu... ==> ...
processo de formação. ==> ... seu propósito. ==> ... sua forma. ==> ... e sua matéria. ==> Desses
quatro modos, Deus é a "causa" de tudo.
Gottfried
Wilhelm Leibniz (1646-1716)
é outro representante do racionalismo. Em carta a Samuel Clark, ele diz:
"Nada acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e não de
outro modo". É dele a teoria da mônadas,
substâncias sem extensão. De acordo com o seu pensamento, "não há dualismo
da mente e da matéria, mas antes uma escala (quase evolutiva) entre os seres da
natureza, coroada por Deus, mônada das mônadas, no padrão de uma harmonia
preestabelecida". Resumo do seu pensamento: Toda coisa no mundo tem uma noção distinta. ==> Essa noção contém toda verdade sobre essa coisa, incluindo sua conexão
com outras coisas. ==> Podemos analisar essas conexões por meio da reflexão racional. ==> Quando a análise é finita, podemos alcançar a
verdade final. ==> Essas são as verdades da razão. ==> Quando a análise é infinita, não podemos alcançar a
verdade final pela razão, somente pela experiência. ==> Essas
são as de fato.
Blaise Pascal (1623-1662) é também
arrolado dentro do racionalismo. No entanto, ele diz: "O coração tem
razões que a razão desconhece". Pascal contesta a tese de que a razão
filosófica possa alcançar uma certeza total. Segundo seu ponto de vista,
"Há dois excessos: excluir a razão, não admitir mais do que
razão". Resumo do seu pensamento: A imaginação é uma força poderosa no ser humano. ==> Ela pode ultrapassar nossa razão. ==> Mas pode
levar a verdades ou falsidades. ==> Podemos ver
beleza, justiça ou felicidade onde elas não existem realmente. ==> A
imaginação nos desvia do caminho.
A razão deve sempre ser
ativada, pois sem ela seríamos marionetes nas mãos dos outros. Convém, contudo,
colocá-la dentro dos seus estritos limites, para não cairmos nos desmandos da
inteligência.
Fonte de Consulta
Temática Barsa - Filosofia. Rio de
Janeiro: Barsa Planeta, 2005.
VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
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