“Um sinal é uma parte
do mundo físico do ser (being), um símbolo é uma parte do mundo
humano da significação (meaning)”. E. Cassirer, An Essay mon Man,
p. 32.
Há duas maneiras de representar o mundo. Uma direta,
em que objeto se apresenta à nossa frente; outra indireta,
quando por qualquer razão o objeto não pode se apresentar em “carne e osso”. A
forma indireta representa o símbolo, que pode ser usado indiferentemente como
“imagem”, “figura”, “ícone”, “ídolo”, “signo”, “emblema”, “parábola”, “mito”
etc.
Símbolo é um sinal particular, que pode ser expresso com
figuras, imagens, palavras e gestos. Do gr. symbolon, neutro, vem
de symbolé‚ que significa aproximação, ajustamento, encaixamento,
cuja origem etimológica é indicada pelo prefixo syn, com e bolé, donde
vem o nosso termo bola, roda, círculo. Referia-se, deste modo, à moeda usada
como sinal. O símbolo é, pois, tudo quanto está em lugar de outro.
Filosoficamente, o símbolo pode ser assim
conceituado. Ao o passo que um sinal de um objeto de
percepção é uma parte do objeto que evoca o todo ou a porção do todo que mais
interessa ao sujeito, um símbolo é algo que evoca, não o
objeto de percepção, mas a concepção que temos do objeto. Este poder de
compreender e interpretar símbolos diz respeito à mentalidade humana. Os
animais, por exemplo, não têm essa capacidade. Diz-se que o cão pode se
impressionar com a vista de um gato, mas não sente reação alguma ao ver um
desenho que represente o gato.
Todo símbolo é sinal, mas nem todo sinal é símbolo.
O símbolo é a espécie e o sinal o gênero. Para que o sinal seja símbolo ele tem
que estar no lugar de outro. O sinal pode ser apenas convencional, arbitrário.
O símbolo, não. Este deve repetir, analogicamente, algo do simbolizado. Além
disso, o símbolo é meio de acesso às realidades pessoais, misteriosas e
inacessíveis a uma observação direta e imediata. Por exemplo: o signo bandeira
simboliza os vários graus de heroísmo.
O ser humano, praticamente, não dispõe de um símbolo
mais privilegiado para a comunicação do que a palavra. Imagine um indivíduo
feito uma estátua. Nessa circunstância, é difícil sondar-lhe o pensamento e o
sentimento. Porém, ao se expressar, torna-se logo conhecido. Além da
transmissão de conteúdo, a palavra é muito mais um instrumento de comunicação
espiritual: faculta ao ouvinte a elaboração de novas ideias sobre o discurso
proferido.
A parábola, por definição, é uma narrativa
alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades
de ordem superior. Jesus falava por parábolas no sentido de despertar a
curiosidade dos ouvintes para, depois, dar as explicações necessárias. Na
realidade, as parábolas são verdadeiros conjuntos simbólicos do Reino de Deus e
os simples exemplos morais.
A importância do símbolo é tamanha que a filosofia
tem uma matéria chamada simbólica, cujo objetivo é estudar a gênese, o
desenvolvimento, a vida, a morte e a ressurreição dos símbolos.
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