O misticismo medieval procura
alcançar a união com Deus. É uma corrente de pensamento baseada na purificação
ascética em que se abandonam todas as certezas proporcionadas pelo conhecimento
conceitual. São Bernardo de Claraval, São Francisco de Assis, Hugo de
São Victor, Meister Eckhart e Tomás de Kempis são alguns nomes
desse movimento. O objetivo é fornecer subsídios para que o homem passe do
profano ao sagrado.
O profano, cuja etimologia
é aquilo que está “fora do templo” contrasta com o sagrado, que se
pressupõe pertencer ao templo. Desta forma, no profano, Deus é concebido
conforme a pura razão; no sagrado, Deus é uma experiência religiosa
fundamentada no temor. No profano, Deus é uma noção abstrata; no sagrado, um
sentimento misterioso que revela ao ser humano toda a sua fragilidade.
São Bernardo de Claraval (1090-1153) e sua reação, denominada
cisterciense, é um marco desse misticismo. Ele prega o retiro monástico, em que
o monge deve viver de forma humilde, isolado do mundo, preocupando-se
exclusivamente com a salvação de sua alma. Ao contrário do que ocorria na
escolástica, em que Deus era motivo da disputatio, ele deveria
procurar Deus somente dentro de seu coração. Deveria, também, fazer voto de
pobreza e produzir para o seu próprio sustento. A arquitetura do mosteiro era
simples, sem figuras, para não atrapalhar a contemplação de Deus.
A mística germânica tem seu
representante: Johann Eckhart (1260-1327), mais conhecido como Meister Eckhart.
Para Eckhart, Deus é um ser perfeito, o Uno, o elemento de conciliação de todos
os opostos. O caminho de ascensão a Deus é um caminho via negativo,
ou seja, a alma deve se desligar de imagens e de conceitos. “No nada que então
advém irrompe a divindade, e o que era vazio, não-ser, inunda-se de uma luz e
de um saber incomparáveis”.
Tomás de Kempis (1379-1471) é incluído no devotio
moderna, o movimento ascético como consequência dos ensinamentos do mestre
Eckhart, que floresceu nos Países Baixos. Embora distante das controvérsias
medievais, a Imitação do Cristo, de Tomás Kempis, ressoando ainda a
voz de Bernardo de Claraval, torna-se uma obra de maior difusão de todos os
tempos.
O medo, a mística e o mistério estão
sempre rondando o ser humano. Aproveitemos as lições desses grandes mestres do
passado.
Fonte de Consulta
TEMÁTICA BARSA. Rio de Janeiro, Barsa
Planeta, 2005. (Filosofia)
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