"Quem não
filosofa pela filosofia, mas se serve da filosofia como meio, é um
sofista". (F. Schlegel, Fragmentos do "Athenaeum")
Platão,
em A República, diz que o homem vil e superficial não pode ter
nenhuma comunicação com a filosofia. A filosofia não é opinião, mas a busca
da arché, o Princípio de todas as coisas. A filosofia deve ser
entendida, hoje e sempre, como a busca ou amor da verdade. A filosofia surge
como diálogo de pensantes e se comunica pelo logos.
O
diálogo foi descoberto por Parmênides, Sócrates e Platão. O antidiálogo surgiu
com os sofistas Protágoras, Górgias e Trasímaco. Os primeiros são os amantes do
logos; os segundos, "amantes da opinião" ou filodoxos. Há, também, os
"clássicos da doxa" ou da antifilosofia: Montaigne, Hume, Kant, Locke
e Marx. Estes e outros são tentados a "revolver o logos próprio do homem e
o Logos que é Deus fazendo-os ceder à "tentação" ratio-vitalística do
mundano e, por isso, da opinião multíplice".
Os sofistas
preparavam para a carreira política e para o exercício de cargos públicos. Na
época moderna, John Locke foi o começo desse novo período de erros e falácias.
De um erro elevado a princípio nascem novos erros. Rosmini diz que o século
XVII foi uma das idades "quase consagradas ao erro". Nesse sentido, o
verdadeiro pensador deve ter a coragem de libertar a filosofia dos inúteis
vínculos com o erro e a mentira.
Um
diálogo com concessões recíprocas já tem um vencedor: o erro. Há um só diálogo:
o da verdade e com a verdade. De tanto respeitar o espírito humano, tem-se
reverência pelo erro. A tolerância se exercita para com pessoas e não para com
sistemas. A mente, quando se trata da lógica, da coerência, opõe-se à
contradição.
A
verdade não se aprende com os sentidos. Este é o nó solfístico que deve ser
combatido. Santo Tomás, em Summa contra Gentiles, livro II, c. LXVI, explica a
diferença entre sentido e intelecto. Para ele, o sentido se encontra em todos
os animais, está limitado às coisas materiais e não consegue conhecer a si
mesmo. O intelecto está no homem, vai além das coisas materiais e pode refletir
sobre si mesmo. Acrescenta que a metafísica, como ciência das causas primeiras,
que os sentidos não podem conhecer.
Saibamos
diferenciar a filosofia da antifilosofia, o diálogo do antidiálogo, a verdade
do erro. Por isso, a reflexão, o exame e a ponderação do bom senso.
Fonte de Consulta
SCIACCA,
Michele Federico. Filosofia
e Antifilosofia. Tradução de Valdemar A. Munaro. São Paulo: Realizações Editora,
2011.