Aristóteles, em Ética a Nicômaco, trata de
diversos temas, tais como, amizade, felicidade, justiça, igualdade e liberdade.
Para ele, toda virtude ética possui também uma relação social. Dizia que o
verdadeiro ser do ser humano é ser para o outro. Esta relação social
caracteriza a comunidade, a pólis. Daí, a sua definição de que o
ser humano é um animal social, devendo viver em sociedade.
O
elemento básico de uma comunidade é a necessidade. Ninguém é uma ilha; cada um
precisa do outro. Assim, uma comunidade é composta de muitos caracteres; cada
qual deve completar o que outro necessita. Nesse caso, tanto é importante o
doutor quanto o lixeiro, o professor, o agricultor. Pergunta-se: como irá
governar o presidente da república se não houver os serviços do lixeiro, do
agricultor?
Para
Aristóteles, a colaboração entre as pessoas só é possível mediante um
intercâmbio justo. A justiça é fundamentada na cooperação entre as partes de um
todo. O que reúne as pessoas são as necessidades e o fato de que sozinhas elas
não são capazes de satisfazê-las. "Sem comunidade, não há sobrevivência;
sem intercâmbio, não há comunidade; sem igualdade, não há intercâmbio".
Uma cooperação libertadora só poderá ser garantida quando uma comunidade servir
aos interesses de todos os envolvidos. Só quando se faz valer o bem a polis permanece coesa.
Sem
justiça não há comunidade, e a comunidade está a serviço do benefício, mesmo
sendo o benefício comum. Mas a pessoa só consegue chegar a essa autoconsciência
em conjunto com outras pessoas. A forma mais elevada de comunidade humana
consiste no reconhecimento mútuo, no qual as pessoas desenvolvem uma autoestima.
Fonte de Consulta
RICKEN,
Friedo. O Bem-Viver em Comunidade: A Vida Boa Segundo Platão e Aristóteles, da
editora Loyola.