Este livro contém 258 teses. Eis três delas:
Tese 1 — Alguma
coisa há, e o nada absoluto não há...
Tese 256 — A ciência busca o “como” e o como do “porque” próximo das coisas, mas a
filosofia é um afainar-se pelo “porque” do “como” e pelos últimos “porquês” dos
“porquês”.
Tese 257 — Se a filosofia tem vários métodos para alcançar a sua meta, uns são indubitavelmente
mais hábeis que outros, e um há de haver que será o mais hábil para ser usado
pelo homem.
Normalmente, o concreto é entendido como a representação de um ser real, captado pela intuição sensível. Contudo, podemos
vê-lo sob outro ponto de vista, bastando fazer uso de sua etimologia. Concreto vem de concretum, particípio passado do verbo crescior, com o aumentativo cum, que lhe dá o significado simples do
que cresce junto, do que cresce com
outros.
Nesse sentido, a filosofia concreta, para Mário Ferreira dos Santos, é "uma filosofia que dê uma visão unitiva, não só
das ideias como também dos fatos, não só do que pertence ao campo propriamente
filosófico como também do
que pertence ao campo da Ciência, deve ela ter capacidade de penetrar nos temas
transcendentais. Deve demonstrar as suas teses e postulados com o rigor da
Matemática, e deve justificar os seus princípios com a analogia dos fatos
experimentais”.
Eis a última tese do livro, a tese 258 — Filosofar é ação.
"Filosofar é a ação que consiste em
conexionar, de certo modo, um fato ou fatos à totalidade do universo, e transcendê-los
ou não, ao refletir sobre eles, e sobre os diversos nexos hierárquicos que têm com os
outros fatos e entidades antecedentes e consequentes, inclusive transcendentais,
a fim de alcançar uma visão humana da Verdade.
A Filosofia é ação;
é o afainar-se para alcançar a Mathesis Suprema.
Se essa é ou não alcançável pelo homem, este, como um viandante (homo viator), deve buscá-la sempre, até quando lhe paire a dúvida, de certo modo bem fundada, de que ela não lhe está totalmente ao alcance.
Esse afainar-se acompanhará sempre o homem, e estabelecido um ponto sólido de esteio, devemos esperar por melhores frutos".
Observação do autor: Em todos os tempos se considerou que o ponto de partida deve ser um ponto arquimédico, apodítico, de validez universal. Assim sendo propôs um que é de validez universal ("alguma coisa há"), sobre o qual não se pode pairar nenhuma dúvida.