28 dezembro 2021

14 Razões para se Ler os Clássicos, Segundo Ítalo Calvino

Ítalo Calvino, em seu livro "Por que Ler os Clássicos", anota quatorze razões para lermos os clássicos. Eis os lembretes: 

1. Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: “Estou relendo…” e nunca ‘‘Estou lendo…”.

2. Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

3. Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.

4. Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.

5. Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.

6. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.

7. Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes).

8. Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente a repele para longe.

9. Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.

10. Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.

11. O “seu” clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele.

12. Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele reconhece logo o seu lugar na genealogia.

13. É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.

14. É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.

02 dezembro 2021

Fédon

Observação: este diálogo não pertence à “fase socrática” de Platão. Platão usava a imagem do mestre para divulgar as suas próprias ideias. Exemplo: “aprender nada mais é que recordar", referindo à sua Teoria das Ideias. 

Fédon ou Fedão é um dos grandes diálogos de Platão de seu período médio, juntamente com a A República e O Banquete. Fédon é o quarto e último diálogo de Platão: retrata a morte de Sócrates e detalha os últimos dias do filósofo depois da obras Eutífron, Apologia de Sócrates e Críton. Diz respeito à imortalidade da alma.

Este diálogo, contendo 66 itens, inicia-se da seguinte forma: Equécrates pede notícias a Fédon sobre os últimos dias de Sócrates. Fédon explica que um atraso ocorreu entre o julgamento e a morte, e descreve a cena em uma prisão em Atenas no final do dia, nomeando os presentes.

Sócrates fora preso e condenado à morte por não acreditar nos deuses do Estado e de supostamente corromper a juventude. Neste diálogo, Sócrates discute a natureza da vida após a morte em seu último dia antes de beber cicuta.

Fédon de Elis, um dos alunos de Sócrates, que esteve presente no leito de morte de Sócrates, relata o diálogo para Equécrates, um filósofo de Pitágoras. Sócrates fala para um grupo de amigos, entre eles os tebanos Cebes e Símias. Na ocasião, Sócrates explora os vários argumentos a favor da imortalidade da alma.

Mensagem principal de Sócrates: que a morte é uma escolha, já em vida, de quem é filósofo: "o exercício próprio dos filósofos não é precisamente libertar a alma e afastá-la do corpo?".