Em filosofia, há inúmeros temas para se
escrever um ensaio: o problema dos universais, a questão do livre-arbítrio, a
relação entre fé e razão, a existência de Deus, a origem do universo entre
tantos outros. Para os filósofos iniciantes, que possuem pouco conhecimento
sobre a matéria, os temas devem ser gerais. Conforme vão obtendo maiores
conhecimentos, os temas podem ser mais específicos, o que mostra um
amadurecimento do próprio filosofar. Em outras palavras: o aprofundamento exige
conhecimento anterior.
O esboço do tema vem a seguir.
Divide-se o trabalho em partes, o que implica na introdução, no desenvolvimento
do tema e na conclusão. Primeiramente, o esboço é mental; depois, é necessário
colocá-lo no papel, mesmo que de forma imperfeita. Nesse mister, verificamos
que o ato de escrever torna consciente aquilo que está como ideia abstrata.
Ainda mais: o ato de escrever estimula o pensamento, que fará esforços de
procurar outros argumentos, no sentido de dar prosseguimento ao que foi
iniciado.
Escrever, sem se preocupar com o
sentido da frase, é uma técnica bastante produtiva. Dá-se a isso diversos
nomes, entre os quais tempestade de cérebros. Como proceder? Pegamos um tema e
procuramos anotar tudo o que nos vem à mente. Adjetivo, pronome, relacionamentos,
pessoas etc. É uma forma de forçar o pensamento, que procura em nosso
subconsciente tudo o que já temos memorizado sobre o assunto. Com isso, podemos
também estimular a associação de ideias, que é construir pensamentos que nunca
havíamos tido antes.
A pesquisa bibliográfica deve sempre
proceder a anotação das ideias. Por que? Se vier em primeiro lugar ela nos tira
o esforço de pensarmos por nós mesmos. Há também o inconveniente de não termos
muito que escrever, pois nada nos parece nosso e sim do outro. A pesquisa
bibliográfica deve servir para corrigir eventuais erros ou acrescentar ideias que não tínhamos. Mesmo que tenhamos escrito algo indevido, isso não é perdido.
Nesse caso, usa-se uma técnica muito salutar, a de colocar aquilo como uma
possibilidade e, em seguida, o pensamento do autor consultado.
Um cuidado especial se deve ter para
com a correção gramatical e de estilo. A revisão gramatical deveria vir em
primeiro lugar. Para isso, há muitos livros de português. Posteriormente,
faz-se uma revisão do estilo. A correção do estilo é a melhoria da frase para
torná-la mais polida e mais fácil de ser compreendida. Para tanto, devem-se
preferir frases curtas e o verbo na voz ativa. Se necessário, a substituição de
palavras por um de seus possíveis sinônimos.
A frase "1% de inspiração e 99% de
transpiração" tem grande fundamento, ou seja, mostrar-nos que é escrevendo
que se aprende a escrever. Não há outro remédio.
Fonte de Consulta
MARTINICH, A. P. Ensaio
Filosófico: o que é, como se faz. Tradução por Adail U. Sobral. São Paulo,
Loyola, 2002.