“Semeei dragões e colhi pulgas.” (Karl Marx) Esta frase é atribuída ao poeta Heinrich Heine, amigo de Karl Marx.
“Marx e Marxismo” é o título do capítulo 5, do livro Análise Dialética do Marxismo, de
autoria de Mário Ferreira dos Santos [1.ª edição foi em 1953]. Anotemos alguns pontos deste estudo. Destaque-se os perigos dos epígonos, que acabam por
tornar estéreis o pensamento primordial do seu autor. Lembremo-nos de que, na
construção de sua doutrina, Marx valeu-se de pensadores da história e das
ideias sociais que o antecedera.
Barnes e Becker, por exemplo, relatam as seguintes as influências:
1. Devia a Hegel seu sistema dialético e sua fé na atividade estatal;
2. foi provavelmente nos trabalhos de Lorenz von Stein que encontrou pela primeira vez notícias gerais sobre o socialismo e o comunismo na França e em outros países; e também é muito provável que tenha encontrado em Stein as ideias da “sociedade civil” e das classes sociais;
3. o materialismo histórico, tomou-o de Feuerbach e, em parte, talvez, de Arnold Heeren;
4. a teoria do trabalho como medida do valor deriva de Ricardo, de Rodbertus e dos socialistas ricardianos;
5. encontrou a doutrina da mais-valia nos escritos de William Thompson;
6. a noção da luta de classes e a necessidade de um levante proletário tinham sido assinaladas nas obras de Louis Blanc, Proudhon e Weitling;
7. Marx recebeu de Sismondi a convicção de que os capitalistas se iriam debilitando pela progressiva concentração da riqueza em mãos de uns poucos;
8. suas ideias acerca da “sociedade primitiva sem classes” derivam, parece, de sua herança hebraica do mishpat e de certas teorias sobre os “direitos naturais” — Morgan apenas trouxe uma “confirmação” posterior;
9. pode ter derivado de Johann Karl Rodbertus a tese segundo a qual as crises econômicas recorrentes constituem um aspecto necessário da produção sob o capitalismo;
10. sua fé numa futura Idade de Ouro de caráter quase místico pode ter derivado de suas leituras do Antigo Testamento;
11. por último, embora de modo algum seja o fator de menor importância, suas noções da tática revolucionária derivavam, em parte, de Danton e de doutros líderes jacobinos da Revolução Francesa.
De posse dessas influências, a sua contribuição consistiu:
1. em demonstrar que a existência das classes está ligada a certas fases históricas do desenvolvimento da produção;
2. que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado;
3. que essa mesma ditadura não representa senão uma transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes.
A partir dessas informações, percebe-se que a “ditadura do
proletariado” na Rússia, estruturou-se de modo não previsto nem por Marx, nem
por Engels, nem por Lênin, refutando, na prática, o que fora afirmado em teoria.
Marx procurava interpretar os fatos, captar através deles o nexo que apontariam
através de sua simbólica e significação.
Para Marx, o capitalismo é o prólogo do socialismo. No entanto,
o advento do socialismo só ocorreria quando o capitalismo atingisse a sua
plena maturidade. Pode-se, contudo, acreditar que do capitalismo surja o socialismo? Ou seria apenas um desejo de Marx?
O crime dos “marxistas” consistiu, e consiste principalmente, em terem procurado esterilizar sua obra, quando lhes cabia continuá-la.
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