Mário Ferreira dos Santos, no capítulo 10 — “O Estado para
os Socialistas Libertários e Anarquistas”, do livro Análise Dialética do Marxismo, chama-nos a atenção para as consequências
daqueles que pretendem assumir o poder e, que, depois de obtê-lo, agem de modo
contrário às suas promessas.
Os anarquistas nunca se iludiram com as promessas dos
socialistas autoritários, que pretendem substituir um Estado por outro, e que
este logo se definhará. Eles, na realidade, previram o seu constante fortalecimento.
Nesse sentido, eles previram que Lênin seria vítima de seu Estado e, depois
dele, Trotsky, e todos os outros que estiveram na vanguarda da Revolução. A vitória
de Stálin, com sua falta de escrúpulos, também fora prevista por outros
pensadores.
Os socialistas libertários, por sua vez, não creem que a revolução
social se faça através do Estado. Não é a substituição de um Estado por outro, mas
de abolir o domínio do homem sobre o homem, a exploração do homem sobre o
homem, representada no próprio Estado.
Trecho extraído do livro:
Eis o conceito anarquista do Estado:
O Estado — isto é, a instituição governativa que faz as leis e as impõe por meio da força coercitiva, com a violência ou a ameaça — tem uma vitalidade própria e constitui, com seus componentes estáveis ou eletivos, com seus funcionários ou magistrados, com seus policiais e com seus clientes, uma verdadeira e própria classe social à parte, dividida em tantas castas quanta sejam as ramificações de seu poder; e esta classe tem seus interesses especiais, parasitários ou usurários, em conflito com os da coletividade restante, que o Estado pretende representar.
Esse imenso polvo é o inimigo natural da sociedade, da qual absorve sua alimentação. Ainda num regime capitalista, onde o Estado é o aliado natural e a garantia material, armada, dos privilégios econômicos, não são somente os trabalhadores conscientes que veem no Estado um inimigo; também uma parte da burguesia sente aversão pelo Estado, pois vê no governo um competidor, que rouba, com a fiscalização, uma parte de seus benefícios e lhe impede desenvolver e exercer além de seus limites sua função exploradora.
Palavras de Fabbri escrita nos dias da Revolução de
Outubro:
A ditadura, que é o Estado sob a forma de governo absoluto e centralizado, embora tome o nome de proletária ou revolucionária, é, no entanto, a negação da revolução. Depois que as velhas dominações tenham sido abatidas, o Estado tirânico renascerá de suas cinzas.
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