Mário Ferreira dos Santos, no capítulo 11 — “Pode a
Ditadura ser uma Escola de Liberdade?”, do livro Análise Dialética do Marxismo,
mostra-nos que antes da Revolução Russa não se tinha uma ideia concreta da “ditadura
revolucionária do proletariado”. Para melhor compreensão do dessa questão, elenca as fases progressivas de tal empreendimento.
Primeira fase: entregar
“todo o poder aos sovietes” é perigoso, mas o aceitamos, declaravam os
anarquistas, porque os sovietes não são criação de um partido político, mas uma
espontânea realização do povo russo. Mas os bolchevistas, organizados em
partido, ambicionavam o poder. E, com o tempo, deu-se o que os anarquistas
previram: os sovietes perderam o poder, transferindo-o para a organização burocrática
do Estado, que monopolizou o mando supremo.
Segunda fase: o
aniquilamento dos partidos de oposição.
Terceira fase: todos os compromissos assumidos com os
anarquistas e com os socialistas revolucionários foram postos de lado, ficando
apenas os bolchevistas.
Quarta fase: a centralização
crescente do poder nas mãos de um grupo de homens do partido, de uma elite. E,
em pouco tempo, o partido bolchevista desapareceu. Um grupo dirigia a vontade e
a consciência de todo um povo.
Quinta fase: a
ascensão do ditador, já prevista pelos anarquistas. E veio. Lênin assumiu todo
o poder, sua vontade reinava absoluto.
Sexta fase: o
poder absoluto de um dirigente. Stálin, saindo-se vencedor, foi inexorável para com todos os que lhe fizeram frente.
Sétima fase: bonapartismo.
Os frutos da Revolução Russa não devem ser desprezados, e
nos devem servir para que estudemos novamente, e com acuidade, os problemas
surgidos ao movimento socialista.
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