Nicolau de Cusa, em Da Douta Ignorância,
defende que Deus está sempre além da razão humana. O conhecimento de Deus é um
saber do não saber. No primeiro capítulo do seu livro diz: “O homem será tanto
mais sábio quanto mais ignorante se souber”. Este livro procura mostrar a
relação entre Deus, o mundo e o homem em base completamente nova.
Nicolau de Cusa (1401-1464), cujo nome verdadeiro era Nicolau Krebs,
graças ao patrimônio do pai, ao completar 15 anos, pode ser enviado à recém-criada
Universidade de Heidelberg, que se lecionava com o espírito da escolástica, e a
doutrina cristã era interpretada com base na filosofia aristotélica. Posteriormente,
transferiu-se para a Universidade de Pádua, onde pode receber excepcionais
ensinamentos do Cardeal Giuliano Cesarini. Foi ordenado padre aos 22 anos.
Doutorou-se em direito canônico.
Antes que sua obra viesse a público, refletiu sobre os grandes ensinamentos
dos filósofos da Antiguidade grega, tais como, Platão, pela sua Teoria das
Ideias, Aristóteles, pela sua lógica e metafísica, Pitágoras, pela sua
matemática. De Plotino, extrai o princípio da realidade do “Uno”. Em se
tratando de Deus, diz: “Deus é a unidade no sentido de uma ‘coincidência’, uma junção
ou simultaneidade de opostos em um nível mais elevado. O conhecimento dessa
unidade, porém, está ligado à renúncia ao ‘conhecimento’ em seu sentido
habitual: é um saber do não saber”.
Da Douta Ignorância é composto
de três volumes: o primeiro trata de Deus como unidade “em que opostos coincidem”
[metafísica]; o segundo volume trata do universo [cosmologia]; e o terceiro, ao
papel de Jesus Cristo como a ligação entre Deus, o mundo e o homem [teologia]. Usa
as noções de “máximo”, “absoluto”, “infinito” etc., para explicar a sua teoria
sobre Deus, o universo e Jesus Cristo.
As ideias de Nicolau de Cusa influenciaram outros pensadores. A tese da infinitude do mundo e da
impossibilidade de pensar em Deus foi incorporada à obra de Giordano Bruno. As contradições
da razão estão na “doutrina das antinomias”, posta por Kant na Crítica da razão pura. A “interação
entre unidade e diversidade” está presente na obra de Hegel.
Percebemos que Cusa estava à frente de seu tempo. Todas as suas teses envolvem
o aspecto lógico, matemático, místico e intuitivo. Além disso, incentiva-nos a
buscar a humildade perante às forças ocultas da natureza.
Fonte de Consulta
ZIMMER, Robert. O Portal da
filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2.
Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes,
2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário