Boécio nasceu, em 480, juntamente com o declínio do Império Romano do Ocidente. Cresceu na fé cristã, que era a religião oficial do Império Romano desde 391. A sua obra famosa, A consolação da filosofia (c. 524), foi escrita no momento em que estava na prisão e sabia que a morte era iminente.
De acordo com os
historiadores da filosofia, o ano 529 marca o fim da filosofia antiga e o
início da medieval. A consolação da filosofia é vista como o
canto dos cisnes da antiga sabedoria, pois marca o testamento filosófico para a
posteridade.
Boécio teve
oportunidade de conhecer, por meio de seus estudos, as quatro escolas
filosóficas mais influentes da Antiguidade, que tiveram origem em Atenas: a
Academia de Platão, a escola peripatética, fundada por Aristóteles, os estoicos
e a escola epicurista. Assim, pode combinar o Deus cristão com as concepções neoplatônicas.
Tinha em mente que sua missão era engajar-se em prol da coletividade.
A consolação da filosofia é o resultado de suas reflexões sobre a tradição da filosofia
antiga. Para toda a Antiguidade, e também para
Boécio, o bem e o verdadeiro estavam intimamente ligados. Não existia a
separação entre as questões da filosofia teórica e as da filosofia prática.
Baseando-se na
“alegoria da caverna”, de Platão, Boécio pensa que o homem deveria “erguer seus
olhos acostumados à escuridão para a luz da verdade manifesta”. Para explicar a
felicidade, recorre à ética de Aristóteles. A essa busca da felicidade, Boécio dá o nome de
“Deus”.
"Com base no “motor
imóvel” presente na Metafísica de Aristóteles, na ideia do bem
da filosofia platônica e no “Uno” de Plotino, para Boécio, Deus não é pessoal,
mas um princípio universal que o mundo cria, na medida em que, como arquétipo e
objetivo de toda realidade, mantém o universo inteiro em movimento e lhe
concede uma espécie de “energia da realidade”".
"Os problemas lançados
por Boécio, como a compatibilidade entre a legítima predestinação e a liberdade
da vontade humana, influenciaram a discussão ainda por um longo tempo. Essas
questões foram tomadas, sobretudo, por pensadores como o cardeal Nicolau de
Cusa, na Baixa Idade Média, ou o iluminista Immanuel Kant, que tratavam de
demonstrar os limites e as contradições do conhecimento humano".
"Todavia, A
consolação da filosofia deve seu efeito até os dias de hoje
especialmente à convicção de que é a vida, e não a escrivaninha, a emergência
da filosofia".
Fonte de Consulta
ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
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