16 junho 2022

Meditações, de Marco Aurélio

Talvez o ideal do rei-filósofo, de Platão, tenha se realizado em Marco Aurélio.

As Meditações (entre 172 e 180), de Marco Aurélio, são um conjunto de parágrafos curtos e sentenças concisas, extraído de sua experiência de vida. Não era um ornamento, mas uma necessidade vital. Tendo por base os ensinamentos dos filósofos estoicos, este livro procura estimular-nos a termos uma vida de autocontrole, de cumprimento do dever e de serenidade, em oposição às adversidades incontroláveis do mundo.

O primeiro contato de Marco Aurélio com a filosofia foi por meio do liberto Diogneto. Outro liberto que, também o influenciou substancialmente, foi Epiteto com o seu Pequeno Manual da Moral e Discurso. Em virtude da filosofia, gostava de ambicionar um “catre com peles” e “o que for semelhante e estiver ligado ao estilo de vida grego”.

Por questões familiares, sabia que um dia se tornaria imperador. Nos 23 anos anteriores dessa ocorrência, teve tempo suficiente para leituras e aperfeiçoamento. A sua “conversão” à filosofia deu-se, talvez, em 146, quando ele tinha 25 anos. Sob a orientação de seus tutores, o grego Apolônio da Calcedônia e os senadores romanos Júnio Rústico e Cláudio Máximo, Marco Aurélio conheceu a filosofia dos estoicos.

Os estoicos propagavam o ideal da essência, da felicidade e da virtude, que se realizava num estado de “paz interior”, chamado por eles de “apatheia”. "Apatheia" significa “ausência de afetos”. Convém acrescentarmos o lema de Sócrates, “virtude é conhecimento”, um tipo de programa ético de pesquisa.

As Meditações nasceram nas noites das expedições militares. Nessa época, colocou em prática o estilo de vida “grego”: morou em barracas, dormiu em catres, superou sofrimentos físicos e a exaustão.

Seguindo a tradição estoica, os apontamentos das Meditações giram em torno de três grandes temas: a postura do homem em relação ao cosmo, perante os outros homens e, finalmente, para consigo.

Marco Aurélio é um dos primeiros “cosmopolitas” de que se tem notícia: o cosmo é visto por ele como uma grande polis, uma comunidade onde todos os homens, com base na igualdade, são ligados uns aos outros.

Lema de Marco Aurélio: não posso modificar as coisas nem os acontecimentos, mas posso alterar a luz sob a qual os contemplo. A felicidade está, para Marco Aurélio, apenas nessa atitude, e não na aquisição de bens externos.

As Meditações não tiveram muita aceitação no meio acadêmico. Por outro lado, estadistas e políticos, que identificavam parcial ou totalmente com o papel de um filósofo no trono, deram grande atenção. Frederico II, da Prússia, era um fervoroso leitor das Meditações, assim como o antigo chanceler alemão, Helmut Schmidt.

Fonte de Consulta

ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

 

 

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