Talvez o ideal do rei-filósofo, de Platão, tenha se realizado em Marco Aurélio.
As Meditações (entre
172 e 180), de Marco Aurélio, são um conjunto de parágrafos curtos e sentenças concisas,
extraído de sua experiência de vida. Não era um ornamento, mas uma necessidade vital.
Tendo por base os ensinamentos dos filósofos estoicos, este livro procura
estimular-nos a termos uma vida de autocontrole, de cumprimento do dever e de
serenidade, em oposição às adversidades incontroláveis do mundo.
O primeiro contato de Marco Aurélio com a filosofia foi por
meio do liberto Diogneto. Outro liberto que, também o influenciou substancialmente, foi Epiteto com o seu Pequeno Manual da
Moral e Discurso. Em virtude da filosofia, gostava de ambicionar um “catre
com peles” e “o que for semelhante e estiver ligado ao estilo de vida grego”.
Por questões familiares, sabia que um dia se tornaria
imperador. Nos 23 anos anteriores dessa ocorrência, teve tempo suficiente para
leituras e aperfeiçoamento. A sua “conversão” à filosofia deu-se, talvez, em
146, quando ele tinha 25 anos. Sob a orientação de seus tutores, o grego
Apolônio da Calcedônia e os senadores romanos Júnio Rústico e Cláudio Máximo,
Marco Aurélio conheceu a filosofia dos estoicos.
Os estoicos propagavam o ideal da essência, da felicidade e
da virtude, que se realizava num estado de “paz interior”, chamado por eles de “apatheia”. "Apatheia" significa “ausência de afetos”. Convém acrescentarmos o lema de Sócrates,
“virtude é conhecimento”, um tipo de programa ético de pesquisa.
As Meditações
nasceram nas noites das expedições militares. Nessa época, colocou em prática o
estilo de vida “grego”: morou em barracas, dormiu em catres, superou
sofrimentos físicos e a exaustão.
Seguindo a tradição estoica, os apontamentos das Meditações giram em torno de três grandes
temas: a postura do homem em relação ao cosmo, perante os outros homens e, finalmente,
para consigo.
Marco Aurélio é um dos primeiros “cosmopolitas” de que se
tem notícia: o cosmo é visto por ele como uma grande polis, uma comunidade onde
todos os homens, com base na igualdade, são ligados uns aos outros.
Lema de Marco Aurélio: não posso modificar as coisas nem os acontecimentos,
mas posso alterar a luz sob a qual os contemplo. A felicidade está, para Marco
Aurélio, apenas nessa atitude, e não na aquisição de bens externos.
As Meditações não tiveram muita aceitação no meio acadêmico. Por outro lado, estadistas e políticos, que identificavam parcial ou
totalmente com o papel de um filósofo no trono, deram grande atenção. Frederico II, da Prússia, era
um fervoroso leitor das Meditações,
assim como o antigo chanceler alemão, Helmut Schmidt.
Fonte de Consulta
ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
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