09 outubro 2020

Razão e Sanidade Mental

“O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão.” (G. K. Chesterton)

Gilbert Keith Chesterton (1874-1936), mais conhecido como G. K. Chesterton, foi um escritor, poeta, filósofo, dramaturgo, jornalista, palestrante, teólogo, biógrafo, literário e crítico de arte inglês. Chesterton é muitas vezes referido como o "príncipe do paradoxo". 

No capítulo 2, “O maníaco”, de seu livro Ortodoxia, há um diálogo entre Chesterton e um editor. Referindo-se a alguém, disse o editor: “Aquele homem vai progredir; ele acredita em si mesmo”. Disse-lhe eu então: “Quer saber onde ficam os homens que acreditam em si mesmos? Os homens que realmente acreditam em si mesmos estão todos em asilos de lunáticos”. Resposta do editor: “Bem, se um homem não acredita em si mesmo, em que vai acreditar?”. Depois de uma longa pausa eu respondi: “Vou para casa escrever um livro em resposta a essa pergunta”. Este é o livro que escrevi para responder-lhe. 

O ponto de partida para as suas conjecturas é um manicômio. De início, quer apagar o erro comum de que a imaginação, especialmente a imaginação mística, é perigosa para o equilíbrio mental do ser humano. A história mostra que a maioria dos poetas não só foi gente sensata, mas também prática. Em contrapartida, afirma que o que gera a insanidade mental é a razão. Jogadores de xadrez e matemáticos enlouquecem, os poetas não. “O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura pôr os céus dentro de sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça”. 

Chesterton critica a atitude dos cientistas e dos teólogos para com o tratamento do loucura. A ciência, ao desaprovar certos pensamentos, chama-os de mórbidos; a teologia, de blasfemos. Acha que o indivíduo não pode sair do mal mental apenas pelo pensamento, pois este está desgovernado. Ele só pode ser salvo pela vontade ou fé. 

Continuando a sua análise, considera o materialismo uma espécie de simplicidade insana. Assemelha-se ao argumento do louco; temos simultaneamente a sensação de que ele cobre tudo e a sensação que deixa tudo de fora. Ele não pensa nas pessoas em luta, nas necessidades do dia a dia. A terra é muito grande, e o cosmos é muito pequeno. Nesse caso, a filosofia materialista é mais limitante do que qualquer religião. "O cristão tem perfeita liberdade para acreditar que existe uma considerável quantidade de ordem estabelecida e desenvolvimento inevitável no universo. Mas ao materialista não é permitido admitir em sua imaculada máquina a menor mancha de espiritualismo ou milagre".

Resumindo: a marca da insanidade é o uso da razão sem raízes, a razão no vazio. Pensar sem princípios deixa o ser humano louco. A mística favorece a sanidade, pois o homem tem um pé na terra e o outro na espiritualidade. 

 


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