O Ocidente latino começa, a partir da segunda metade do século XII, a
tomar contato com as obras árabes e gregas, que expunham os avanços do saber
nas mais diferentes áreas, incluindo matemática, medicina, ótica, física,
metafisica.
O aparecimento das traduções gregas e árabes acirra o debate de ideias.
Procura-se verificar quais são as relações entre os limites da filosofia e a
possibilidade mesma de atribuir-se caráter científico à teologia cristã. Boécio
afirmava que a teologia, além de ser uma disciplina científica, era a
disciplina filosófica suprema. Quer dizer, a teologia de que falava Boécio era,
na verdade, apenas uma parte de outra disciplina: a metafísica.
Avicena, por sua vez, defende que todo o conhecimento humano faz parte
da filosofia. A diferença reside na caracterização da ciência suprema. Esta é a
metafísica e não a teologia. Se a teologia cristã se identifica com a teologia
aristotélica, então ela deveria ser subordinada à metafísica. Isso é o mesmo
que admitir que os ensinamentos cristãos estavam subordinados às verdades dos
pagãos e infiéis, o que era inaceitável.
Para resolver este problema, ganhou força a distinção entre a teologia
dos filósofos, parte da metafisica, e a teologia propriamente cristã. Porém,
qual das duas é superior? Tomás de Aquino (1225- 1274), por exemplo, em sua
obra, trabalha para estabelecer os limites entre a filosofia (conjunto das
disciplinas científicas) e a teologia. Parte Da Trindade de
Boécio, intercalando comentários de texto e questões.
Para Tomás de Aquino, os filósofos investigam o que a razão humana pode
conhecer acerca de Deus, e os teólogos tomam como ponto de partida as Sagradas
Escrituras. Admitindo-se que há verdades sobre a natureza divina que escapam à
compreensão humana, os filósofos são incapazes de fornecer um conhecimento
completo sobre a natureza de Deus. Eles necessitam das verdades reveladas que
estão na Bíblia. Assim, as ciências investigam o que a razão humana pode
conhecer, a teologia cristã ensina o que ultrapassa os limites do conhecimento
humano.
Fonte de Consulta
STORCK, Alfredo. Filosofia Medieval.
Rio de Janeiro: Zahar, item "A Filosofia do
Século XIII".
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