21 outubro 2020

“Organon” da Lógica de Aristóteles

Amicus Plato, sed magis amica veritas ("Querido é Platão, mas ainda mais querida é a verdade.") [Aristóteles]

Até o aparecimento de Aristóteles, a inteligência grega era indisciplinada. O "Organon" da lógica de Aristóteles deu outro rumo ao pensamento. Lógica significa a arte e o método do pensamento correto. É a logia ou método de toda ciência, de toda disciplina e de todas as artes.

Os vestígios dessa nova ciência podem ser encontrados na preocupação de Sócrates com as definições e no refinamento de cada conceito por parte de Platão. O pequeno tratado de Aristóteles sobre Definições mostra como a sua lógica se alimentava naquela fonte. "Se quiser conversar comigo", dizia Voltaire, "defina seus termos." Quantos debates não seriam mais curtos se todos definissem corretamente os seus termos?

De que modo iremos definir um objeto ou um termo? Para Aristóteles, a definição contém duas partes: primeiro, encaixa o objeto numa classe geral; segundo, indica os pontos em que o objeto difere de todos os outros membros de sua classe. Assim, no sistema aristotélico, o homem é um animal racional; sua “diferença específica” é que, ao contrário de todos os outros animais, ele é racional.

Aristóteles é um realista, preocupa-se com o presente objetivo; Platão, com o futuro subjetivo. A procura socrática-platônica por definições tinha a tendência de se afastar das coisas e dos fatos para as teorias e as ideias, dos particulares para as generalidades, da ciência para a escolástica. Aristóteles opta por uma volta à realidade. Sua preferência é pelo particular, pelo indivíduo de carne e osso.

“Aristóteles é tão implacável com Platão porque existe muito de Platão nele; também ele continua um amante de abstrações e generalidades, traindo repetidas vezes o fato simples por alguma teoria ilusoriamente enfeitada, e compelido a uma luta contínua para conquistar sua paixão filosófica por explorar o empíreo”.

"Organon" tem o seu valor: "Aristóteles descobriu e formulou todos os cânones da consistência teórica e todos os artifícios do debate dialético, com uma diligência e uma perspicácia para as quais não há elogios que cheguem; e seus trabalhos nessa direção talvez tenham contribuído, mais do que o de qualquer outro escritor, para o estímulo intelectual de gerações posteriores."

Fonte de Consulta

DURANT, Will. A História da Filosofia. Tradução Luiz Carlos do Nascimento Silva. São Paulo: Nova Cultural, 2000. Título Original: The Story of Philosophy. Primeira Edição: 1926

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