Até o
aparecimento de Aristóteles, a inteligência grega era indisciplinada. O
"Organon" da lógica de Aristóteles deu outro rumo ao pensamento. Lógica significa a arte e o método do pensamento correto. É a logia ou método de toda ciência, de toda disciplina e de todas as
artes.
Os vestígios
dessa nova ciência podem ser encontrados na preocupação de Sócrates com as
definições e no refinamento de cada conceito por parte de Platão. O pequeno
tratado de Aristóteles sobre Definições mostra como a sua lógica se alimentava
naquela fonte. "Se quiser conversar comigo", dizia Voltaire,
"defina seus termos." Quantos debates não seriam mais curtos se todos
definissem corretamente os seus termos?
De que modo
iremos definir um objeto ou um termo? Para Aristóteles, a definição contém duas
partes: primeiro, encaixa o objeto numa classe geral; segundo, indica os pontos
em que o objeto difere de todos os outros membros de sua classe. Assim, no
sistema aristotélico, o homem é um animal racional; sua “diferença específica” é que, ao contrário
de todos os outros animais, ele é racional.
Aristóteles é um
realista, preocupa-se com o presente objetivo; Platão, com o futuro subjetivo.
A procura socrática-platônica por definições tinha a tendência de se afastar
das coisas e dos fatos para as teorias e as ideias, dos particulares para as
generalidades, da ciência para a escolástica. Aristóteles opta por uma volta à
realidade. Sua preferência é pelo particular, pelo indivíduo de carne e osso.
“Aristóteles é
tão implacável com Platão porque existe muito de Platão nele; também ele
continua um amante de abstrações e generalidades, traindo repetidas vezes o
fato simples por alguma teoria ilusoriamente enfeitada, e compelido a uma luta
contínua para conquistar sua paixão filosófica por explorar o empíreo”.
"Organon"
tem o seu valor: "Aristóteles descobriu e formulou todos os cânones da
consistência teórica e todos os artifícios do debate dialético, com uma
diligência e uma perspicácia para as quais não há elogios que cheguem; e seus
trabalhos nessa direção talvez tenham contribuído, mais do que o de qualquer
outro escritor, para o estímulo intelectual de gerações posteriores."
Fonte de
Consulta
DURANT, Will. A História da Filosofia. Tradução Luiz Carlos do Nascimento Silva. São
Paulo: Nova Cultural, 2000. Título Original: The Story of Philosophy. Primeira
Edição: 1926
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