Para Tales,
o princípio primordial (o arché) deve ser identificado na água.
Embora a proposta seja superficial, a sua importância reside no fato de se
apresentar, pela primeira vez, uma solução racional, em vez de mítica. O motivo
que aflorou em Tales foi: as sementes, como todo alimento, são úmidas.
Para Anaximandro,
o arché está no apeiron, termo grego que indica o
ilimitado, o infinito, uma realidade primeira, sem limites e sem fronteiras.
Diz-se que ele chegou a esta proposta, tomando por base a oposição entre forças
antagônicas: o quente opõe-se ao frio, o seco opõe-se ao úmido. Em se tratando
do cosmo, o mesmo raciocínio pode ser feito. Como o universo se mostra
definido, limitado, determinado em cada um de seus componentes, deve-se pensar
que ele se tenha originado e seja sustentado por um princípio diametralmente contrário:
o apeiron.
Para Heráclito,
o arché está o fogo, que cria e transforma todas as coisas.
Heráclito trata o fogo muito mais como uma metáfora do que como um elemento
natural específico. Observe a comparação que faz com a moeda: “pela sua
capacidade de transformar uma coisa em outra, o fogo pode ser substituído pelo
símbolo do dinheiro, que, por sua vez, é capaz de trocar uma mercadoria por
qualquer outra”.
Para Pitágoras,
o arché está no número. O número, porém, para Pitágoras não
era um ente abstrato, puro conteúdo da mente, mas um elemento essencial da
realidade. Ele possui também uma dimensão espacial, apresentando-se como um
ente intermediário entre a aritmética e geometria.
Para Demócrito,
o arché está no átomo. Compara os átomos às letras do
alfabeto que, combinando umas com as outras, pode-se formar um número infinito
de palavras. “Entre os átomos existem apenas diferenças quantitativas
(grandeza, forma geométrica) e, portanto, a diversidade qualitativa das coisas
(aparente) explica-se pelo grande número de combinações”.
Fonte de consulta
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.
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