"O que é bom para a parte
pode não ser bom para o todo"
A relação entre a parte e o todo
pode ser analisada sob vários ângulos: das ciências particulares, da religião,
da conduta humana etc. No sentido genérico, cada ação, que é individual, tem
uma dimensão mais complexa do que podemos imaginar. Observe um indivíduo
jogando lixo na rua, poluindo o ambiente. Ele está limpando um bem privado, mas
poluindo o bem público, portanto, influenciando a vida de outros seres humanos,
como também o cosmos que o absorve.
Paulo, muito preocupado com o
caráter parcial do conhecimento humano, imaginou o paraíso como um estado no
qual alguém podia conhecer totalmente: "Porque agora vemos por espelho, em
enigma, mas então veremos face a face: agora conheço em parte, mas então
conhecerei como também sou conhecido" (I Coríntios, 13,12). Paulo advertiu
nesta mesma epístola sobre as conclusões inexatas que podemos tirar em virtude
de nossa limitação, quando encarnados: "Porque, em parte, conhecemos, e em
parte profetizamos".
Esta advertência religiosa não
pode desestimular a nossa vontade em buscar um conhecimento global da
realidade. Nos estudos da ordem e da desordem, a Física mostra-nos o caráter
global desta relação, pois haverá ordem ou desordem sempre em relação a um
padrão, nunca somente ao indivíduo isolado. Na Economia, fala-se da indústria e
da firma. A indústria seria a totalidade de todas as firmas de um determinado
ramo da atividade econômica. Por exemplo, a indústria de sapatos congregaria
todas as firmas que produzem sapatos. Na linguagem, uma mesma palavra pode ter
vários sentidos, dependendo da colocação na frase, e mesmo da maneira como a
pronunciamos.
No âmbito da política econômica,
aprendemos que aquilo que é bom para a parte pode não ser bom para o todo.
Explica-se: suponha que os salários de uma certa categoria da sociedade aumente
em 10%. Esta categoria teve um ganho em relação aos demais salários da
sociedade. Mas, imagine que todos os salários de todas as pessoas tivessem um
aumento de 10%. O que aconteceria? O resultado seria nulo, ou seja, ninguém
sairia ganhando nada.
A reflexão sobre a relação entre
a parte e o todo é sumamente valiosa. Precisamos sempre ver pelo prisma do
outro. Geralmente, achamos que os outros devem suprir as nossas necessidades de
pronto. E se eles não puderem atender-nos? E se Deus, que é causa primária de
todas as coisas, acha por bem adiar a súplica? Como fica? Entendemos que a
situação deve ser ponderada imparcialmente, a fim de não criarmos um viés entre
a vontade divina (total) e a nossa (parte). Nesse mister, pensar que Deus escreve
certo por linha tortas, ou que quando o trabalhador estiver pronto o trabalho
aparece não deve ser desprezado.
Nada há de inútil. O fluxo de
energia que jorra de uma usina pode ser interrompido pela falta de uma simples
tomada. Sejamos a simples tomada. Façamos a nossa parte e deixemos o resto por
conta de Deus.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/parte-e-o-todo-a
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