Somos seres falíveis. Por mais cuidado que tenhamos, mesmo assim, o engano ocorrerá. O provérbio “aprender com os erros” tem grande significância. Quer dizer, pouco adianta ter certezas, porque a convicção profunda de que não nos enganamos é fictícia, ilusória. O melhor, para cada um de nós, é deixar sempre a mente aberta à dúvida metódica, como nos ensinou Descartes.
Uma boa maneira de diminuir os nossos erros é procurar
recorrer a outras pessoas, que são também falíveis. Se um terceiro refuta a nossa
ideia, livramo-nos desse erro. Anotemos, também, que a verdade ou a falsidade das
nossas convicções não depende de nós, mas antes da realidade — que é o objeto das
nossas convicções. O que depende de nós é a justificação cuidadosa de nossas convicções.
Controles e ajustes. Comparando nossas convicções com a de outras pessoas — cientistas,
religiosos e filósofos —, podemos aumentar os nossos controles e ajustes, que nada mais são do que raciocínio. Nesse sentido, precisamos raciocinar para concluir, com base na observação
ou na experimentação, se os nossos pensamentos estão de posse da verdade ou do erro.
Para que o nosso saber seja robusto e correto, evitemos a tentação que, ao longo dos séculos, tem sido fingir que
podemos abandonar o raciocínio paciente envolvidos nos controles e ajustes permanentes, substituindo
por Deus, pela autoridade ou pela observação ou experimentação. O problema está dentro de nós. O terceiro pode nos auxiliar, mas a decisão sobre o teor da verdade é apropriada a cada um.
Quando o raciocínio visa persuadir outras pessoas — chama-se argumento. O argumento visa persuadir o nosso interlocutor a aceitar uma conclusão que ele originalmente não aceita. Se partirmos da premissa que ele aceita, o argumento é inútil. Argumentar com o interlocutor é mostrar que as suas ideias implicam outras ideias que ele quer rejeitar.
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