24 setembro 2014

Determinismo e Fatalidade

Determinismo, destino, fatalidade e livre-arbítrio são termos que se complementam no exame de nossas ações. Dentre eles, a fatalidade é o mais enfático. Diz-se que é fatal ou sucedido ou a suceder-se, marcado pelo destino, portanto, do que, necessariamente, tem de acontecer, ou necessariamente aconteceu. Nesse caso, o sujeito não tem mais nada a fazer a não ser aguardar os acontecimentos.

Os gregos antigos acreditavam no poder absoluto das forças do universo. Embora não se sentissem satisfeitos com isso, achavam-se impotentes e deviam obedecê-las. Os pitagóricos, por exemplo, pressupunham o universo como um sistema fechado. Para desvendá-lo, precisavam relacionar as suas partes constituintes, o que seria feito pela decifração dos números. Lembremo-nos de que, para Aristóteles, o universo era governado pelo número.

determinismo pode ser visto como: a) doutrina ontológica — em que tudo ocorre segundo leis ou por desígnio; b) determinismo causal — em que todo o evento tem uma causa; c) determinismo genético — em que somos o que os nossos genomas prescrevem. Observe que essas teses são parcialmente verdades, pois há processos espontâneos, como a desintegração radioativa espontânea e a descarga neurônica. Quanto aos genomas, os fatores ambientais são tão importantes quanto os dons genéticos

Livre-Arbítrio — quer dizer o juízo livre, é a capacidade de escolha pela vontade humana entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos. Pode-se dizer que é a autonomia que Deus nos deu para errarmos. Qual a relação entre livre-arbítrio e fatalidade? Expliquemos com a seguinte situação: ao nascermos somos postos em determinada circunstância: por exemplo, entre os drogados. Isso é fatal, ou seja, tínhamos que nascer naquele lugar e com aquelas pessoas; o livre-arbítrio diz respeito a ceder ou resistir ao vício da droga.

Deus, em sua infinita bondade, criou as leis naturais. Por essa razão, diz-se que no momento em que quisermos refutar a verdade, seremos por ela refutados. Neste estudo do determinismo, principalmente o determinismo científico, devemos levar em conta o princípio da legalidade juntamente com o princípio do ex nihilo nihil fit.

Fonte de Consulta

BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

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A fórmula do determinismo é causa aequat effectum, causa = efeito, ou efeito = causa, ou ainda: a soma dos antecedentes = consequente, ou consequente = soma dos antecedentes. Mas a causa e efeito sucedem no tempo, e eis aqui um elemento importante que modifica tudo: causa + tempo = efeito; ou soma dos antecedentes + tempo = consequente.

Já não podemos reverter a fórmula porque o tempo é irreversível, porque o tempo não é um elemento estático, transportável. Deste modo, não há semelhança qualitativa entre causa e efeito, mas apenas uma semelhança quantitativa. Ora, como a razão dos racionalistas prefere sempre a quantidade, e quer reduzir tudo a esta, julga que pode reduzir o efeito à causa, igualizando-as. Mas essa igualização é apenas abstrata porque, se examinarmos bem, também não procede, porque há mutação qualitativa. (SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.)







 



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