Bachelard renovou a epistemologia,
definindo as características de um novo
espírito científico. Ele condena a
doutrina das naturezas simples e absolutas, defendida por Descartes, e observa
que o racionalismo não deve mais ser imobilizado na universalidade dos
princípios. A nova filosofia das ciências só pode ser mista: teórico e
experimental.
Segundo ele, a verdade (provisória) será polêmica, na
medida em que o progresso do conhecimento científico só pode se exprimir pelos obstáculos, a princípio inerente a nosso
pensamento comum: “conhece-se contra um conhecimento anterior, destruindo
conhecimentos malfeitos”. O conhecimento profundo exige uma psicanálise dos mitos e ilusões que
podem perturbá-lo.
A filosofia do não
(1940). Nesta obra, Bachelard propõe a constituição de uma filosofia capaz de satisfazer
ao mesmo tempo filósofos e sábios e que leve em conta a evolução do saber; na
medida em que o último só progride superando o que adquiriu, essa filosofia só poderá
ser aberta, dialética, em ruptura com qualquer forma de dogmatismo, qualquer concepção
congelada da razão.
O conceito de massa pode ser explicado em cinco etapas. As duas
primeiras são pré-científicas (a massa é percebida segundo as qualidades sensíveis
do objeto). Depois vem o empírico (assimila-se massa ao peso). Em seguida a racional
(definido pelas relações matemáticas: mecânica de Newton), que depois se torna
mais complexo (na teoria da relatividade). Por fim, o dialético (mecânica de
Dirac: aparecimento de uma massa “negativa”. Em síntese: qualquer teoria se
forma englobando a precedente.
Outras obras: O novo espírito científico (1934); A
psicanálise do fogo (1937); A formação do espírito científico (1938); A água e
os sonhos (1941); O ar e os devaneios (1943); A terra e os devaneios da vontade
(1948); A terra e os devaneios do repouso (1948); O racionalismo aplicado (1948); O materialismo racional (1953); A poética do espaço (1957); A poética do devaneio (1960).
Fonte de Consulta
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
Frases de Gaston Bachelard
“O
pensamento puro deve começar por uma recusa da vida. O primeiro pensamento
claro, é o pensamento do nada.” (Gaston Bachelard)
"Entre
a imagem e o conceito, nenhuma síntese. Tampouco essa filiação, sempre dela,
jamais vivida, pela qual os psicólogos fazem o conceito emergir da pluralidade
das imagens. Quem se entrega com todo o seu espírito aos conceitos, com toda a
sua alma às imagens, sabe bem que os conceitos e as imagens se desenvolvem em
linhas divergentes da vida espiritual." (Gaston Bachelard)
O pensamento lógico tende a apagar sua própria história. Parece, de fato, que as dificuldades da invenção deixam de aparecer a partir do momento em que se pode fazer seu inventário lógico." (Bachelard. A atividade racionalista da física contemporânea)
"A
história das ciências é a história das derrotas do irracionalismo." (Bachelard,
A
atividade racionalista da física contemporânea)
"As
grandes paixões preparam-se em grandes devaneios." (Bachelard, A
poética e o devaneio)
"Sempre
se pretende que a imaginação seja a faculdade de formar imagens. Ela é
antes a faculdade de deformar as imagens fornecidas pela
percepção, é sobretudo a faculdade de nos liberar das imagens primeiras, de mudar
a imagem." (Bachelard, O ar e os sonhos)
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