A relação mente-corpo é estudada desde a Antiguidade. Coube,
porém a Descartes a primazia de levantar o problema com mais ênfase. Em seu
dualismo, afirma que a mente (res
cogitans) e o corpo (res extensa)
são formados de substâncias distintas, mas que ainda não tinha descoberto como
uma é ligada a outra. Aventou a hipótese de a glândula pineal ser o intermediário.
Contudo, mais tarde, dissera que o importante é saber que são distintos e isto
basta.
O materialismo, oferecendo-nos uma série de dificuldades
conceituais, contrapõe-se e abandona o dualismo cartesiano. Alguns pensadores materialistas,
inspirando-se na lei de Leibniz, advogam a identidade entre cérebro e mente, ou
seja, cérebro e mente não são distintos como afirmara Descartes, eles fazem
parte da mesma substância. Como dão valor à matéria e não ao espírito, dificultam
o entendimento da mente e da sua relação com o corpo, inclusive, chegando
alguns a afirmar que a mente não existe porque a Psicologia não a definiu.
O surgimento do computador, e sua evolução através do
tempo, trouxe como consequência mudanças radicais em todos os níveis de
conhecimento. Física, Química, Biologia etc. A Filosofia da Mente, uma área aparentemente
díspar da teoria computacional, também sofreu influência, principalmente através
dos modelos computacionais em que se procura relacionar o software (programa de computação) com o hardware (a máquina), comparando-os com o relacionamento entre
mente e cérebro.
A teoria computacional retoma as posições radicais entre o
materialismo e o dualismo, procurando achar o meio termo entre ambas. H.
Putnan, em “Minds and Machines”,
artigo escrito em 1975, procura estabelecer uma correlação entre estados
mentais (pensamentos) e software de
um lado e entre os estados cerebrais e o hadware
ou os diferentes estados físicos pelos quais passa a máquina ao obedecer as instruções.
Esta teoria não esteve isenta de críticas. A principal delas é que a máquina é
geral e não permite a individuação própria de cada mente humana.
Numa versão moderna, temos o funcionamento
neuro-computacional ou conexionismo iniciado com os trabalhos de Von Neumann.
Pretende-se, com esse sistema computacional, resolver a questão da individuação
deixada no modelo de Putnan. De Acordo com esta teoria, estabelece-se uma relação
específica entre o software e o hardware. Não há independência entre o software e o hardware e as características do design deste tipo de máquina permitem que, no limite, possamos conceber
que cada estado mental (ou de software)
corresponda a um estado cerebral (ou de hardware).
A teoria computacional deu novo dinamismo à pesquisa da
mente, contudo o problema da ligação mente-cérebro ainda está por resolver.
Falta-lhes a noção de PERISPÍRITO, elo entre a matéria e o espírito.
Fonte de Consulta
TEIXEIRA, J. de F. Filosofia da Mente e Inteligência Artificial.
Campinas, UNICAMP, Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência, 1996.
(Coleção CLE; v. 17)
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