Ainda: foi um
filósofo político francês de formação iluminista e importante crítico da
monarquia absolutista, bem como do clero católico.
Montesquieu foi um colecionador de fatos. Registrou-os no âmbito histórico e geográfico, que favoreceu a formação de diferentes constituições e instituições políticas. Para ele, existência é anterior às exigências da razão.
Com Do
espírito das leis, Montesquieu desenhou um mapa das culturas políticas,
abrindo os olhos para o fato de que o sistema absolutista, preparado sob medida
para o poder central do rei e que dominava sua terra natal, a França, não era a
única nem a melhor alternativa de organização de um sistema político.
Do espírito das leis se dedica, grosso modo, a três diferentes temas: as diversas formas de governo e as relações que nelas se concretizam entre o cidadão e o Estado; os “fatores ambientais” sociais e naturais que influenciam a formação de uma constituição; e, finalmente, a questão sobre os modelos constitucionais existentes na história e quais lições podem ser tiradas a partir deles para o presente.
Montesquieu distingue três tipos de
governo, tripartição que remonta à filosofia política da Antiguidade. Aristóteles (384-322) nomeia-as:
a monarquia, em que o poder se concentra em uma pessoa; a aristocracia,
em que o poder se concentra num grupo de pessoas; a democracia, em
que o povo exerce o poder através de representantes eleitos. Cada uma dessas
formas pode se degenerar: a monarquia, em tirania, a aristocracia,
em timocracia e a democracia, em demagogia.
Em Montesquieu, essas três formas
aparecem um pouco modificadas, orientadas que foram pelas condições políticas
de seu tempo. O ponto de referência já não é a antiga pólis, e sim o mundo de
Estados do século XVIII.
O “esprit general” é o conceito criado
por Montesquieu para a cultura política, madura e inconfundível, de um país. É
muito mais abrangente do que a “volonté générale”, a “vontade geral” de
Rousseau, que representa somente a soberania e a unidade política de um país.
A divisão proposta por Montesquieu
entre governo (Executivo), Parlamento (Legislativo) e tribunais (Judiciário),
ultrapassou tanto a separação de poderes entre rei e parlamento, sugerida por
John Locke, quanto a realidade constitucional praticada na Inglaterra.
Tratava-se de uma teoria revolucionária, que apontava para o futuro.
Montesquieu tornou-se um dos grandes mentores políticos do estado de direito moderno, em que o projeto de separação de poderes sempre teve um significado mais amplo: a teoria do “check and balance”, do equilíbrio e controle recíproco de interesses e instituições, se tornou a base de negócios das democracias ocidentais.
Fonte de Consulta
ZIMMER, Robert. O Portal da filosofia: Uma Breve Leitura de Obras Fundamentais da Filosofia Volume 2. Tradução Rita de Cassia Machado e Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário