“O sol, a lua, os rios e os mananciais, assim como tudo o que favorece a vida, foram considerados pelos antigos como divindades por causa de sua utilidade, como o Nilo para os egípcios.” (Protágoras)
Os sofistas foram alguns dos estrangeiros que chegaram a Atenas por volta do século V a.C. Tinham em seu bojo uma mercadoria a ser vendida: o conhecimento. Não apenas o conhecimento, mas a maneira de construí-lo e empregá-lo. Destacaram-se na preparação dos jovens para enfrentarem quaisquer tipos de debates.
A dúvida e a controvérsia eram as suas principais
ferramentas. Num debate, o oponente defende uma tese. Eles ensinavam como contra-argumentar, como tirar proveito de uma situação desfavorável. Queriam que seus
alunos fossem pessoas versadas na esgrima da palavra. A dúvida tinha por
objetivo buscar a verdade. Esta deve ser buscada pelo homem, pois este é a
medida de todas as coisas.
Em determinado momento, começaram a facear terreno perigoso,
que foi a refutação das divindades gregas. Colocavam dúvida sobre os poderes
divinos, mas não eram ateístas. De Protágoras, temos uma frase emblemática: “Sobre os deuses, não posso saber sequer se existem, nem que não
existem, nem qual forma é a sua; muitas circunstâncias impedem-me de sabê-lo: a
ausência de dados sensíveis e a brevidade da vida”.
A
afirmação de que não se pode saber se os deuses existem ou não vai de encontro às
tradições religiosas, e suscita o escândalo ao abrir o caminho para a impiedade.
Por outro lado, os deuses protegiam a moral, os
juramentos e as leis, que asseguravam a boa ordem da cidade. A partir do
momento em que se admitia que os deuses poderiam não existir, o conjunto desses
fundamentos cívicos e morais parecia relaxar-se.
A
respeito de Sócrates. Um dos casos contidos em sua ata de acusação é “não
reconhecer como deuses os deuses da cidade e introduzir outros novos”.
Fonte de Consulta
ROMILLY, Jacqueline de. Os Grandes Sofistas da Atenas de Péricles. Tradução de Osório Silva Barbosa Sobrinho. São Paulo: Octavo, 2017.