Na Atenas antiga, havia o paidotríbes, “o que treina as crianças”. O papel do paidotríbes evidencia a importância que
se dava à educação física. As crianças também aprendiam a cantar e a dançar em
coro. Platão, por sua vez, fundava a sua cidade ideal na música e na ginástica,
afirmando que isso vem desde tempos imemoriais. Havia, também, o gramatista, ou
mestre encarregado de ensinar a ler e a escrever. A memorização era muito enfatizada,
principalmente na exposição de cor de textos dos grandes poetas.
Tudo estava transcorrendo naturalmente. Contudo, surgiram os
sofistas, ou mestres itinerantes, para ocasionar um caos no sistema educativo
grego. Oferecem uma nova formação, mas mediante pagamento, que era vultoso. E o que ensinavam? Ensinavam a falar, a raciocinar, a argumentar,
a debater no intuito de vencer pela palavra os oponentes.
Há, assim, um choque entre os adeptos do desporto e os
adeptos do intelecto. Sócrates também seguia as técnicas dos sofistas. Era, porém,
considerado filósofo, e não cobrava por seus ensinamentos. Esta é a tese
principal defendida por Platão para combater os sofistas que cobravam por suas
aulas.
Esse menosprezo pelos sofistas, reiterado várias vezes por Platão,
acabou predominando ao longo do tempo, e hoje a maioria das pessoas veem-nos em
termos pejorativos. Observe que semelhante situação está presente em nossa
sociedade, quando as grandes mídias e a classe política e jurídica querem
escorraçar aqueles que dizem a verdade a seu respeito. As Fake News são
verdades que eles querem esconder. Daí, a atualidade da frase: “o que domina o
mundo é o medo da verdade”.
Voltemos ao contraste entre desporto e intelectualidade. O impasse
pode ser resolvido admitindo a necessidade de atuarmos nos dois campos, nos sentido de termos um equilíbrio psíquico, físico e emocional.
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