"Para admitir uma realidade além
dos fenômenos objetivos, necessita o ocidental de um grande esforço de vontade
que o leve às alturas da fé." (Huberto Rohden)
Para entendermos a filosofia
oriental, temos que nos debruçar sobre o sentido amplo e o sentido restrito
do termo. No sentido amplo, diz-se do "pensamento" (e não
propriamente da filosofia), antigo e moderno, de todos os países do Oriente. Ou
seja, do pensamento elaborado nas regiões da Ásia Menor, da Síria, da Fenícia,
da Índia, da China e do Japão. No sentido restrito, há que se direcionar o
estudo para as culturas específicas: Índia, China e Japão.
Para uma boa compreensão da filosofia
oriental, pensemos no tipo de saber que esses países buscam. Para eles, o que
realmente interessa é resolver o problema da salvação. Os saberes
culto e técnico existem em função deste principal. Na Índia, entende-se a
salvação como a integração do indivíduo em um todo cósmico; na China, em um
todo social. O intelectualismo da filosofia ocidental existe, mas é reduzido ao
mínimo dentro da filosofia oriental.
Qual seria a diferença entre a
filosofia indiana e a filosofia chinesa? A filosofia chinesa tem um propósito
prático-ética e prático-social; a filosofia indiana, a especulação das ideias.
Qual o elemento comum? É o "sábio" (não o raciocinador, o
intelectualista, o filósofo stricto sensu). Baseando nesse elemento
comum, qual a relação com a filosofia ocidental? A filosofia ocidental trabalha
com a razão raciocinante, no afã da objetividade; a filosofia oriental, por seu
turno, procura reintegrar-se naquilo que chama de Realidade verdadeira.
Há discussões acerca de haver ou não
uma relação entre a filosofia oriental e a filosofia ocidental. Alguns acham que
a presumida falta de relação entre elas é devido ao ponto de vista de cada
filosofia, pois os orientais fundamentam as suas teses na tradição religiosa,
na concepção de mundo, nos problemas de comportamento social; não na pura razão
teórica da Grécia antiga. Contudo, alguns pensadores (Schopenhauer, por
exemplo) acham que somente a filosofia oriental pode ser considerada a
verdadeira filosofia.
Huberto Rohden, em O Espírito
da Filosofia Oriental, enfatiza o caráter predominantemente intuitivo,
sobretudo na Índia, em oposição à lucubração intelectiva da filosofia
ocidental. Nesse sentido, para compreender a filosofia oriental, o homem
ocidental deve mudar o seu foco de atenção e ver pelo lado do oriental. O
ocidental identifica a Realidade com os fatos. Para os orientais, os fatos são
apenas reflexos secundários desta. Esta é a questão de fundo de toda a
comparação entre a filosofia ocidental e a filosofia oriental.
Fonte de Consulta
MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
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