Folheando o livro Filósofos Pré-Socráticos, de Jonathan Barnes, pela editora Martins Fontes,
deparamo-nos com quatro termos (kosmos, physis, arche e logos). Façamos algumas anotações.
Kosmos. É o universo ou o próprio mundo. Daí, a
cosmologia. Os gregos, daquela época, tinham necessidade de criar um termo que
representasse o universo e o mundo todo. O substantivo kosmos deriva de um verbo cujo significado é "ordenar",
"arranjar", "comandar". Um kosmos é um arranjo ordenado e, além disso, dotado
de beleza. Deduziam que, sendo ordenado e belo, deveria ser também, em
princípio, explicável. Curiosidade: cosmético (termo moderno) deriva de kosmos.
Physis, ou "natureza". O termo deriva de um
verbo cujo significado é "crescer". Ao aludirmos ao physis, estamos querendo distinguir o mundo natural (physis) do mundo artificial (techne). Carroça é artificial; árvore, natural. Essa
distinção não esgota o significado do conceito "natureza". Em
determinado sentido, "natureza" designa a soma de objetos naturais e
eventos naturais. Physis se presta, também, a denotar algo existente em
cada objeto natural.
Arché. A noção de princípio ou origem das coisas
leva-nos ao arché que, pode significar "começar",
"iniciar", como também "reger", "dirigir". Arché é uma origem que tem uma regra ou princípio. Quais são os
princípios do desenvolvimento, a origem dos fenômenos naturais? Qual é a origem
do kosmos? Para Tales de Mileto, o arché do cosmos é a água. Quer dizer, tudo no universo
tem por base a água.
Logos. Sua tradução é problemática. É cognato do verbo legein, que normalmente significa "enunciar" ou
"afirmar". Meu logos é aquilo que quero afirmar. Apresentar um logos ou um relato de algo é explicá-lo, o que se deduz que logos é uma razão. Quando afirmamos que um homem inteligente é
capaz de apresentar um logos das coisas, estamos querendo dizer que ele é capaz
não só de descrever as coisas como explicá-las, ou apresentar a razão das
coisas.
Os pré-socráticos, embora rudimentarmente,
já faziam uso do método experimental, dando muita ênfase ao uso da razão, do
racional, da argumentação.
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