Prazer - estado afetivo agradável.
Júbilo, alegria, contentamento. Satisfação moral em que os elementos de ordem
intelectual e espiritual sobrepõem-se aos de ordem sensível. Reação do apetite
assinalando a presença percebida de um certo bem. É o resultante de uma
atividade que tem uma espécie de "acabamento", que é a obtenção
daquele referido bem.
Geralmente, fala-se que o
contraponto do prazer é a dor. Será verdade? Para Antonio Sérgio, na sua tese sobre A
Natureza da Afecção (1911), o contraponto do prazer é
o “desprazer”, e não a dor. Alega que esta, ao contrário do prazer ou
desprazer, é localizada em algum ponto do corpo físico. Diz ainda que algumas
dores são prazerosas, como é o caso de se coçar uma ferida. (1)
Em se tratando do binômino prazer-dor, há duas
correntes de pensamento: monista e dualista. Para os monistas,
o prazer e a dor são ligados a uma mesma função, vindos de uma mesma origem,
ora manifestando-se de forma positiva ora de forma negativa. Para os dualistas,
prazer e dor são distintos. Nesse caso, o prazer estaria ligado ao determinismo
exclusivamente interno das necessidades e a dor ao determinismo exclusivamente
externo das defesas. (1)
De acordo com a teoria psicanalítica, o princípio
do prazer mostra-nos que devemos evitar o desprazer e proporcionar o prazer por
redução da excitação. Além disso, o prazer não pode ser buscado só por si
mesmo. O prazer é resultante de uma
atividade que atinge um bem. Quando busca-se a si mesma, pode autodestruir-se.
Observe a seguinte comparação: é como a sombra que se afasta de quem a
persegue, mas não abandona quem a origina.
Em termos religiosos e
espirituais, notamos que o problema do deleite (prazer) do espírito deve se
fundamentar no bem. Observe o pensamento de São Tomás de
Aquino, na sua Summa Theologica: “É a mesma coisa desejar o bem e desejar a
deleição (prazer), e qual não é outra coisa que o repouso no bem”.
Complementando esse pensamento, diremos que o desejo deve ser movido pela virtude da temperança, ou seja,
ele deve ser refletido segundo a razão e não segundo a emoção.
Conforme os anos passam, vamos adquirindo novos
modos de vida e novas percepções do prazer. Com uma idade mais avançada,
podemos dispensar mais tempo ao cultivo de nossa alma. Em certos momentos, é
como se estivéssemos vivendo a alegria da prece, narrada em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, em que ouvimos “as liras dos
arcanjos, a voz doce e suave dos serafins, mais leves que as brisas da manhã
quando brincam nas folhagens dos seus grandes bosques”.
(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA.
Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].
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