Niilismo – do latim nihil, nada, é o
pensamento obcecado pelo nada, a doutrina da morte de Deus. Pode-se, também,
dizer que é “a absolutização do nada”. No espírito do vulgo, o niilismo andou
associado às ideias de assassínio e de revolução, pois os niilistas procuravam
derrubar as instituições por meio da força.
Górgias é apontado como o primeiro niilista da história ocidental. Dele
vem a frase: “Nada existe; se alguma coisa existisse, não a poderíamos
conhecer; e, se a conhecêssemos, não seria comunicável”. Além dele, podemos
apontar outros pensadores: Fridegísio de Tours procurou provar que o nada
possui algum ser – alguma substancialidade; Mestre Eckhart declara que Deus e o
nada, “o anjo, a mosca e a alma” são a mesma coisa; Charles de Bovelles
defende a “negação originária das criaturas e da matéria” que é o
nada; Leonardo da Vinci anotou: “Entre as grandes coisas que estão abaixo
de nós, o ser do nada é imensamente grande”? (1)
No século XIX, por volta de 1860-1870, o niilismo constitui
uma corrente de pensamento professada pelos russos Dobroliubov,
Tchernychewski e Pisarev. Esta corrente é caracterizada pelo pessimismo
metafísico do prolongamento do positivismo de Comte, e, pelo ceticismo com
relação aos valores tradicionais: morais, teológicos e estéticos. O princípio
fundamental era o individualismo absoluto, a negação dos deveres impostos pela
família, pelo Estado e pela religião. (1)
Nietzsche foi o expoente máximo do niilismo. Num fragmento redigido em
seus últimos anos de lucidez, ele diz: Niilismo: falta-lhe a
finalidade. Carece de resposta à pergunta “para quê?” Que significa o niilismo? Que os valores supremos
se depreciaram (VIII, II, 12). Deduz-se que o niilismo é a falta de
referências tradicionais, dos valores ideais para as respostas aos porquês da
vida. A desvalorização dos valores supremos levaria o ser humano à perda dos
seguintes princípios: a) Deus; b) fim último; c) ser; d) bem; e) verdade. Nessa
linha de pensamento, lembremo-nos das obras 1984, de Orwell, O Mundo Novo, de Huxley e O Declínio do Homem, de Konrad Lorenz:
todas elas mostram-nos a perda da liberdade humana, que se poderia sintetizar
na seguinte frase: “Na convicção de lhe dar tudo, essa sociedade reduz o homem
a nada e o atira ao abismo do niilismo”. (2)
Passemos do niilismo filosófico ao niilismo religioso. De acordo com as
teses materialistas, o nada nos aguarda depois de nossa passagem por este
mundo. O Espiritismo, porém, nos apresenta outra versão. De acordo com os
seus postulados, percebemos que o Espírito é imortal e viveremos no
além-túmulo, sujeitos à Lei do Progresso. O estado de felicidade ou de
infelicidade dependerá do que fizemos de bom ou de ruim nesta vida.
Reflitamos sobre o conteúdo filosófico do niilismo. Entretanto, não nos
esqueçamos de analisá-lo sob a ótica do Espiritismo.
(1) VOLPI, Franco. O Niilismo. Tradução de Rido Vannucchi.
São Paulo: Loyola, 1999.
(2) REALE, Giovanni. O Saber dos Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 1999.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/niilismo
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