"O rei que possuir a justiça não precisa de coragem." Aristóteles
O que é justo e o que é injusto? Uma pessoa é convidada ao posto que
desejávamos na empresa em que trabalhamos. Uma garota, por ser cadeirante, é
expulsa da torcida organizada de um determinado clube. Cada um dos casos pode
brotar em nós um sentimento de indignação, e logo dizemos que houve uma
injustiça. Daí, poderíamos indagar: quem merece o quê? Lembremo-nos de
Aristóteles.
A teoria de justiça de Aristóteles baseia-se no telos (finalidade) e
na honra. Para definir os direitos, temos que saber qual é o telos da
prática social abordada. E para compreender o telos é preciso
discutir as virtudes que ela deve honrar e recompensar.
Para Aristóteles, justiça é dar às pessoas o que elas merecem. O que uma
pessoa merece? Para entender o mérito, temos que ter em mente "as coisas e
as pessoas a quem elas são destinadas". Segue-se que "pessoas iguais
devem receber coisas iguais". Iguais em que sentido? Depende do que está
sendo distribuído e das virtudes relevantes para cada caso. Ao distribuirmos
flautas, elas devem ficar para os melhores flautistas porque é para isso que
elas existem — para serem bem tocadas.
Observe o sentido nobre de política em Aristóteles: aprender a viver uma
vida boa. "O propósito da política é permitir que as pessoas desenvolvam
suas capacidades e virtudes humanas peculiares — para deliberar sobre o bem
comum, desenvolver o julgamento prático, participar da autodeterminação do
grupo, cuidar do destino da comunidade como um todo. "A finalidade e o
propósito de uma pólis é uma vida boa, e as instituições da
vida social são meios de atingir essa finalidade.""
"A virtude moral resulta do hábito." "Tornamo-nos justos
ao praticar ações justas, comedidos ao praticar ações comedidas, corajosos ao
praticar ações corajosas." Aristóteles afirmava também que a virtude moral
é um meio entre os extremos.
Seguindo o raciocínio do merecimento, Aristóteles acaba defendendo a
escravidão. Como o faz? Desde que não seja por imposição, no caso de um
prisioneiro de guerra, a escravidão resulta da natureza daquela pessoa, que
está talhada para obedecer.
Fonte de Consulta
SANDEL, Michael J. Justiça – O que é Fazer a Coisa Certa.
Tradução de Heloísa Matias e Maria Alice Máximo. 24. ed., Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2017.
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