NOTAS
EXTRAÍDAS DO CD "Filosofia: As Chaves do Pensar — Questões Filosóficas Essenciais que
Estimulam a Mente e Enriquecem o Espírito", em que Sílvia Sibalde
entrevista o filósofo Carlos Matheus, professor e doutor em filosofia.
A filosofia nasceu aproximadamente em 600 a.C., na
área oriental da Grécia, que antigamente era chamada de Ásia Menor (hoje
Turquia), na região de Mileto. Os primeiros filósofos foram Tales de Mileto,
Anaximandro e Anaxímenes.
A filosofia nasce
de um saber sobre o mundo, não necessariamente de uma insatisfação. Já havia
muitas explicações sobre o mundo: cosmogonias, religiões, fábulas, mitos etc.
Esses primeiros filósofos foram também cientistas pois procuravam refletir
sobre a origem das coisas e do mundo. Tales, por exemplo, procurava o elemento
primordial, aquilo que originava tudo o mais. Para ele, esse elemento seria a
água.
Tales, Anaximandro
e Anaxímenes são os iniciadores do processo de reflexão racional sobre a origem
das coisas. Além desses, destacam-se Heráclito (ênfase no movimento),
Parmênides (ênfase no fixo, representando um contraponto a Heráclito),
Empédocles (atração e repulsa, ou seja, as forças se atraem ou se repelem) e
Anáxagoras (razão universal — noumeno).
A Grécia dedicou-se
à pedagogia, ou seja, produzir e transmitir conhecimentos. Esta era a função
dos sábios, chamados de sofistas, cujo ofício era uma profissão, pois cobravam
pelas suas aulas. Sócrates se contrapõe à profissão dos sofistas, pois tinha
esse ofício como missão. Os sofistas que se destacaram foram Górgias e
Protágoras.
Sócrates, Platão e
Aristóteles sobreviveram. Os trabalhos dos filósofos anteriores se perderam
(inundação, incêndio...). Embora Sócrates não escrevera nada, o seu pensamento
foi levado adiante por seu discípulo Platão. Saliente-se, também, o fato de
Platão ter um lugar fixo para os seus estudos: a Academia (Jardim de Academus).
Aristóteles, embora discípulo de Platão, representa um contraponto ao seu
mestre. Por divergências com a Academia, funda a sua própria escola, chamada de
Liceu.
Idade Média começa
em 453, com a última invasão romana, e termina em 1453, com a tomada de
Constantinopla pelos turcos. É um período sombrio, intermediário entre o mundo greco-romano
e o mundo moderno. Pode-se dizer que os medievais não sabiam que eram
medievais. O começo da Idade Média deu-se sob a influência de Santo Agostinho
(354-430), que captou o cristianismo e a filosofia platônica. Na Alta Idade
Média, o pensamento de Aristóteles passou a ser conhecido. Santo Tomás de
Aquino (1225-1274) faz uma síntese perfeita entre Agostinho e Aristóteles. Para
Tomás de Aquino, Aristóteles era "o filósofo".
Com o surgimento de
Nicolau Copérnico e Galileu, a filosofia toma outro rumo. Até então o mundo era
finito. A partir daí, concebe-se um universo infinito, que se move por si
mesmo, ocasionando um choque com a tese cristã. A ciência busca uma autonomia,
rompendo com a Igreja.
Os filósofos
pré-socráticos eram sábios, ou seja, cientistas. Sócrates rompe essa postura
dizendo-se filósofo, isto é, não o que sabe, mas o amante do saber. A partir
daí, ciência e filosofia acabam indo para caminhos opostos.
A filosofia parece
hermética. É que na filosofia há palavras técnicas para descrever o pensamento.
Hegel lembra-nos: quem tiver dificuldade de entender os textos filosóficos,
leia-os duas ou três vezes.
A filosofia deve
sempre situar-se entre o ceticismo e o dogmatismo.
Todo o ser humano é
potencialmente filósofo. A dúvida sobre a morte, sobre a vida, sobre o relacionamento
é uma forma de filosofar.
De onde viemos e
para onde vamos é a questão angustiante da filosofia de hoje e de sempre.
Vivemos entre a
busca da verdade e a impossibilidade de alcançá-la na sua totalidade.
A filosofia
assemelha-se a um edifício, que deve ser construído e reconstruído. Os
problemas são permanentes, mas podemos vê-los sob uma nova ótica.
A filosofia caminha
em direção ao ser humano, na reflexão entre o que somos e o que queremos ser.
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