De acordo com Platão, Sócrates era um mágico, um
feiticeiro, um xamã. Mênon, Alcibíades e Aristófanes relataram que
ficavam drogados, extasiados diante do mestre. As
palavras de Sócrates enfeitiçavam-nos de tal modo que todos eles temiam
perdê-lo, pois estava se aproximando a hora de sua partida, notadamente com a ingestão
da cicuta.
Sócrates dizia-se guiado pelo seu demônio, seu guia
protetor. Ele não lhe pedia autorização para fazer isso ou aquilo, mas recebia
avisos deste quando fosse desviar-se do verdadeiro caminho, do caminho da
verdade. Descartes, o autor do discurso do método, defensor do racionalismo,
teve como ponto de partida três sonhos premonitórios, que lhe alertaram para o
seu trabalho lógico.
Sócrates foi um filósofo, um verdadeiro filósofo,
pois não tinha receio de contrariar os seus pares. Além do mais não cobrava
pelas suas elucidações. E sabia diferenciar as questões de ciência das questões
de filosofia. A ciência tenta explicar os meios; a filosofia, os fins. A
ciência faz hipóteses, observa e conclui através dos objetos sensíveis,
especialmente pela experimentação; a filosofia não, a filosofia está preocupada
com o fim, com os valores, principalmente os valores do bem, do belo e do
justo.
Se levarmos em conta os seus ensinamentos, somente
os filósofos são verdadeiramente livres, porque nada fazem para tirar proveito
próprio. Os políticos, os cientistas e os demais seres humanos, ao contrário,
almejam poder para tirar alguma vantagem. Nesse caso, eles não podem ser
considerados totalmente livres.
Sócrates foi um filósofo autêntico, pois vivia de acordo
com o que pensava e influenciou muito mais pelo exemplo do que pelos seus
discursos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário