Fenomenologia é definida como "um estado puramente
descritivo dos fatos vividos de pensamento e de conhecimento". Ethos (grego),
e sua tradução mores, em latim, embora tomando sentidos
diversos na política, na moral e na música, significa caráter, comportamento,
valores e costumes. Juntando os dois termos, diremos que fenomenologia
do ethos é a descrição do comportamento, do caráter e dos valores
éticos do ser humano. Nesse caso, há uma infinidade de aspectos a serem
considerados. Vejamos alguns.
Em termos políticos,
o ser humano tem necessidade de moradia, saúde, alimentação e infraestrutura.
O Estado tem o dever de lhe prover o bem comum, que implica a distribuição
justa dos recursos públicos. Na tirania, a busca do bem comum já está
comprometida. Na democracia, os políticos podem atender a esse objetivo segundo
um ethos autêntico ou um ethos demagógico.
O ethos retórico trata,
em linhas gerais, das qualidades do orador perante o público. Quando se fala do
ethos do discurso, fala-se da persuasão pelo caráter (= ethos) do orador. O
discurso tem uma natureza que confere ao orador a condição de ser digno de fé.
São os traços de caráter que o orador deve mostrar ao auditório (pouco importa
a sua sinceridade). O ethos, muito mais que o logos,
é bastante útil ao orador, principalmente ao orador político, que procura
agradar mais pela emoção do que pela razão.
Em termos morais,
há diversas opiniões sobre o que consiste o bem a-fazer o o mal a-evitar. Uns
acham que obedecendo a Deus, já estamos praticando o bem; outros, que crer ou
não em Deus tem pouca relevância. No fundo, contudo, há um acordo, ou seja,
aquele que diz respeito ao procedimento autenticamente humano, aquele que não
pode ser anti-humano, que é “fazer aos outros o que gostaríamos que a nós fosse
feito”.
A reflexão sobre o ethos leva-nos
à prática do amor. O verdadeiro exercício do amor longe está das proibições e
interdições de que a moral propõe. É uma autodeterminação que envolve a
autonomia da vontade na busca da atualização do ser. Assim, não é agir de
qualquer jeito, mas de forma ordenada, generosa, que promova a pessoa e os
direitos do outro, sobretudo quando esses direitos são espezinhados.
O ethos espírita está
embasado nos ensinamentos de O
Evangelho Segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec. O comportamento ético-espírita só pode fixar-se e expandir-se
em terra fértil. Para isto, o adepto do Espiritismo deve, em primeiro lugar,
limpar, adubar e regar o “terreno
interior”, a fim de criar condições favoráveis
de receber a semente evangélica para, posteriormente, fazê-la frutificar cento
por um.
O estudo do ethos, como dissemos,
leva-nos para uma infinidade de reflexões: escolhamos aquelas que possam
aumentar a nossa capacidade de compreender a nós mesmos e ao mundo que nos
rodeia.
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