Consciência é um conhecimento concomitante ou cumulativo. Concomitante
significa que se manifesta simultaneamente com o outro; cumulativo, que
acrescenta. A consciência se dá no momento em que o indivíduo vivencia uma dada
situação. Os sentidos do observador captam o objeto. Ao captar o objeto, ocorre
a concomitância e a cumulação
No seu desdobramento, que se dá
a certa distância do ato vivenciado, surge a consciência reflexa.
Assim, há a consciência direta e espontânea e a indireta ou
reflexiva, que é a incidência da reflexão sobre os próprios atos internos.
A reflexão não torna consciente o que antes não o era. É muito mais um ato
isolado e explicativo
Quando o espírito, pelo poder
de reflexão, volta-se para si mesmo e vivencia o seu próprio ato, baseado nos
primeiros princípios do ser, da verdade e do bem, temos a consciência
moral. Depreende-se, assim, que o verdadeiro conhecimento de si mesmo não é
contemplação desinteressada, mas um apelo ao dever pela prática da ação livre e
responsável
Há também a liberdade
de consciência, que é o direito de professar as próprias convicções morais
e religiosas, em que há ausência de toda e qualquer coação externa em matéria
de moral e religião
Segundo Manfred Frank, em Self-consciousness
and Self-knowledge, a relação entre consciência, autoconsciência e
autoconhecimento é a seguinte:
Consciência pressupõe
autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa sem estar
consciente de estar consciente dessa coisa.
A autoconsciência é
pré-reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, então só
teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa que fosse dada
à reflexão. Mas isso não pode ser o caso, pois, como dissemos antes,
consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à
reflexão.
Autoconsciência e consciência
são distintas logicamente, mas funcionam de maneira unitária.
O autoconhecimento — isto é, a
consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem — pressupõe a
consciência pré-reflexiva, isto é, a autoconsciência
De acordo com o esquema acima,
a autoconsciência é o elemento fundamental da consciência. Sem ela não há
consciência nem reflexão sobre a consciência
Fonte de
Consulta
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Consciência
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Como é ser Morcego? (1974) [Thomas Nagel]
O estado mental de outro ser só pode ser entendido se for
experimentado
De acordo com o filósofo Thomas Nagel
(n. 1937), ainda que possamos objetivamente descrever todas as qualidades
físicas da existência como o uso do sonar por um morcego, jamais conseguiremos
entender completamente a sensação de ser um morcego, porque não somos morcegos.
Como é ser morcego? Jamais poderemos realmente saber, porque a consciência é
mais do que apenas o processo físico da sensação.
Nagel publicou o seu artigo “Como ser
um morcego?” em 1974, em grande parte em resposta ao que denominou “euforia
reducionista” dominante na época. Nagel propôs seu argumento do morcego como um
antídoto à posição reducionista de que todos os fenômenos mentais, tais como a
consciência, poderiam ser explicados em termos puramente físicos.
A pergunta de Nagel vai ao núcleo da natureza experimental,
subjetiva, da consciência, ainda que jamais possamos responder a ela. Para
alguém completamente cego desde o nascimento, a palavra “cor” tem o mesmo
sentido que para a pessoa que enxerga? Como poderia ter? E como uma pessoa
poderia entender como é ter sempre vivido sem elas? Para Nagel, é impossível,
ou quase, daí a consciência ser mais do que uma compreensão objetiva.
ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander,
Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
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