03 dezembro 2018

Sêneca, Lúcio Aneu

"Quem não souber morrer bem terá vivido mal." (Sobre a tranquilidade do espírito

Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.) nasceu em Córdoba, Espanha. Levado muito jovem para Roma, teve mestres estoicos, que lhe abriram a mente para a reflexão filosófica e um modo austero de viver. Fez carreira como advogado e político. Para ele, a filosofia só tem valor se for mais prática do que teórica.

Era um escritor assistemático e eclético. Muitas vezes contraditório, aproveitava tudo o que achava verdadeiro de outras doutrinas. Seguindo a linha da tradição cínico-estoica, pensava que a filosofia só tem significado como studium virtutis, ou seja, dá ênfase ao ponto de vista prático. Suplanta o materialismo estoico: "o corpo é cárcere da alma; a alma é o verdadeiro homem que tende a libertar-se do corpo". Acredita que a consciência é uma espécie de conhecimento claro, originário, impossível de eliminar, do bem e do mal.

Em seus livros De ClementiaDe BeneficiisDe Otio etc. faz reflexão sobre a liberdade, a justiça, a tirania e participação dos cidadãos na vida pública. A filosofia de Sêneca está expressa em seus Ensaios Morais e nas Epístolas Morais a Lucílio, uma série de dez diálogos e 124 cartas em latim, nos quais oferece conselhos práticos sobre os mais variados assuntos: providência, amizade, brevidade da vida, terrores da morte, medos infundados, ira, virtude, vida feliz, prática do bem, clemência, vida simples, tranquilidade etc.

Em todos os seus textos, o autocontrole tem importância suprema. Para Sêneca, os homens só podem ser considerados grandiosos na medida em que aprendem a controlar a si próprios e a dominar seus desejos. O sofrimento é apenas um teste capaz de fortalecer os indivíduos, ao passo que a raiva, a tristeza e o medo são armadilhas emocionais com o poder de escravizá-los.

Fonte de Consulta

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.

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Em Roma, tornou-se conhecido como advogado e ascendeu politicamente, passando a ser membro do Senado romano e, mais tarde, questor. 

Em 41, foi desterrado para a Córsega sob a acusação de adultério. Na Córsega, Sêneca viveu cerca de dez anos com grande privação material. Dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre os quais os três intitulados Consolationes (Consolos), nos quais expõe os ideais estoicos clássicos de renúncia aos bens materiais e de busca da tranquilidade da alma por meio do conhecimento e da contemplação. 

Em 49, o imperador Cláudio, manda chamar Sêneca para se encarregar da educação de seu filho, Nero, tornando-o, no ano de 50, pretor. Sêneca casou-se com Pompeia Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos. Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, escreve a obra Apocolocyntosis divi Claudii (Transformação em abóbora do divino Cláudio). Nessa obra, Sêneca critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses. 

Quando Nero foi nomeado imperador, Sêneca tornou-se seu principal conselheiro e tentou orientá-lo para uma política de justiça e de humanidade. No começo, conseguiu, mas depois redigiu uma carta ao Senado para justificar a execução de Agripina, esposa de Cláudio, no ano de 59, pelo filho. Nessa ocasião, foi muito criticado por sua postura frente à tirania e à acumulação de riquezas de Nero, incompatíveis com as suas próprias concepções. 

O escritor e filósofo destacou-se por sua ironia. 

Acusado de participar na Conjuração de Pisão, em 65, recebeu de Nero a ordem de suicidar-se, que executou com o mesmo ânimo sereno com que pregava em sua filosofia. (Extraído de SÊNECA, Lúcio Aneo. Da vida retirada; Da tranquilidade da alma; Da felicidade. Tradução de Lúcia Sá Rebello e Ellen Itanajara Neves Vranas. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018.)

 

 



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