"Perguntaram ao Buda: O que você
ganhou com a meditação? Ele disse: — Nada, mas deixe-me dizer o que
perdi com ela: ansiedade, raiva, depressão, insegurança, medo da velhice e da
morte".
Buda revelou-nos os ensinamentos das quatro nobres verdades — a verdade do sofrimento, a verdade da origem do sofrimento, a verdade da libertação do sofrimento e a verdade do caminho da libertação —, que são antigos, mas muito úteis nos dias presentes. A didática desses ensinamentos resume-se em nossa escolha: queremos perpetuar o sofrimento ou interrompê-lo em sua origem?
Um dos aspectos relevantes do Budismo é
a ansiedade, inerente a todos os viventes neste planeta Terra. Esta
ansiedade decorre de nossa insatisfação com as coisas em geral. Quando nos
sentimos solitários, procuramos companhia; quando temos pessoas demais ao nosso
lado, sentimo-nos claustrofóbicos. Embora algumas demandas sejam atendidas,
ainda assim a ansiedade permanece. Daí, a neurose, o desconforto, a depressão.
Para corrigir a ansiedade, geramos agressão, paixão e orgulho (kleshas),
que desviam o foco de nossa ansiedade básica.
Para alcançarmos um lampejo de
liberação, deveríamos reconhecer a existência do sofrimento, que a ansiedade
está ocorrendo. Este é o princípio básico do Budismo. "A dor provém da
ansiedade e a ansiedade vem da neurose. Uma grande quantidade de abafamento
leva-nos à neurose. Os ensinamentos de Buda não nos dizem como nos livrar dessa
dor ou como abandoná-la; dizem apenas que temos de entender nosso estado de
ser. Algumas vezes nos acostumamos a nosso sofrimento e outras vezes sentimos
falta dele, então, deliberadamente pedimos mais sofrimento".
A ansiedade manifesta-se de diversos
modos: comer sem quase mastigar, não querer cortar as unhas, fazer tudo tão
rapidamente, não esperar o vendedor completar a venda etc. "A única
maneira de trabalhar essa ansiedade é por meio da prática da meditação, domar a
mente, praticar o shamatha. Isso nada mais é do que domar a si mesmo. É melhor
trabalhar com a realidade do que com idealizações".
Há oito tipos de sofrimento: nascimento,
velhice, doença, morte, encontrar o que não é desejável, não ser capaz de
conservar o que é desejável, não conseguir o que se deseja e ansiedade geral.
Poderíamos meditar a respeito de cada um deles e observar as nossas reações. A
velhice, por exemplo, tolhe-nos sobremaneira porque restringe os nossos atos,
as nossas caminhadas, a nossa locomoção.
Buda, pede-nos para buscar o nirvana,
ou seja, transcender a agonia e problemas como o aturdimento, a insatisfação e
a ansiedade.
Fonte de Consulta
TRUNGPA, Chôgyam. As 4 Nobres
Verdades do Budismo e o Caminho da Libertação. Compilado e organizado por
Judith L. Lief. Tradução de Oddone Marsiaj. São Paulo: Cultrix, 2013.